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Além de guerra sem trégua, Ucrânia alerta para surto de cólera em Mariupol

Afirmações de autoridades locais sobre casos da doença foram corroboradas por relatório da inteligência do Reino Unido, que cita falta de saneamento básico

Por Matheus Deccache Atualizado em 10 jun 2022, 20h56 - Publicado em 10 jun 2022, 18h44
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  • A Ucrânia voltou a pedir ajuda do Ocidente nesta sexta-feira, 10, alertando que precisa da entrega de armas o mais rápido possível para conter o avanço das forças russas e de apoio humanitário para combater doenças mortais. 

    Em Severodonetsk, cidade na região de Donbas que se tornou o foco do avanço da Rússia em direção ao leste ucraniano, foram relatados mais combates intensos. Já a cidade portuária de Mariupol, que sofreu com o cerco das tropas russas desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, agora sofre com a falta de saneamento básico e com os cadáveres que apodrecem nas ruas. 

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    “Há um surto de disenteria e cólera na nossa cidade. Infelizmente, com esses surtos de infecção, mais milhares de moradores serão mortos”, disse o prefeito de Mariupol à TV ucraniana. 

    O político pediu ainda para que as Nações Unidas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha trabalhem na organização de um novo corredor humanitário para permitir que os residentes restantes deixem a cidade, agora sob controle russo. 

    De acordo com um relatório de inteligência do Reino Unido publicado nesta sexta, a cidade corre um sério risco de surto de cólera, ao mesmo tempo que o Exército russo não fornece serviços básicos à população local. Segundo o documento, os moradores de Mariupol permanecem sem acesso à água potável e serviços telefônicos e de internet. 

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    Na última terça-feira, 7, um assessor do prefeito de Mariupol alertou que a cidade portuária estava sendo “silenciosamente fechada” pelos russos de modo a impedir que o surto de cólera se espalhe para outras regiões. O político disse ser difícil até mesmo detalhar as “condições sombrias” da cidade, antes um próspero destino de férias no Mar de Azov. 

    “A cidade realmente se transformou em uma com cadáveres por toda parte. Eles estão empilhados. Os ocupantes não conseguem enterrá-los nem mesmo em valas comuns. Não há capacidade suficiente nem para isso”, disse, em uma realidade diferente daquela exposta pelos russos. 

    Ao invés de cadáveres e montanhas de lixo, a imagem descrita pelas autoridades da Rússia é a de uma cidade voltando à vida normal, com postagens nas redes sociais com fotos de crianças voltando às salas de aula e caminhões recolhendo lixo.

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    A Organização Mundial da Saúde também já havia expressado preocupação com um possível surto da doença, afirmando ter recebido informações de que “pântanos haviam sido formados nas ruas e que a água potável está se misturando com o esgoto”. 

    Segundo autoridades ucranianas, à medida que o calor chega, as reservas de água potável se tornam cada vez mais escassas e a Rússia não permite mais que cidadãos deixem a cidade.

    A última vez que a Ucrânia sofreu uma grande epidemia de cólera foi em 1995, porém pequenos surtos têm acontecido desde então, “especialmente ao redor da costa do mar de Azov, que inclui Mariupol”, segundo o relatório da inteligência britânica. 

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    “Os serviços médicos em Mariupol provavelmente já estão perto do colapso: um grande surto de cólera vai agravar ainda mais isso”, pontuou o relatório.

    Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu novamente para que a Ucrânia seja integrada aos países do Ocidente com garantias vinculantes para sua proteção. Em vídeo à União Europeia, o líder do país disse que “o bloco pode dar um passo histórico que provará que as palavras sobre o povo da Ucrânia pertencente à família europeia não são apenas palavras”. 

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    De acordo com autoridades do país atacado, a guerra no leste, onde estão as regiões separatistas pró-Rússia, se tornaram um conflito de artilharia no qual os ucranianos estão severamente desarmados. Isso significa que apenas uma nova ajuda com armamento por parte do Ocidente pode mudar a situação, inclusive com os sistemas de mísseis de longo alcance prometidos por Estados Unidos e Reino Unido. 

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