Um dos pontos mais altos do planeta, com 8.848 metros de altura, o Monte Everest fez mais uma vítima fatal neste sábado, 25. O inglês Robin Haynes Fisher, de 44 anos, passou mal e morreu pouco depois de iniciar a descida da montanha. “Nossos guias tentaram ajudá-lo, mas ele se foi antes de iniciarmos qualquer tipo de procedimento médico”, diz Murari Sharma, responsável por uma das várias expedições ao monte. O guia de Fisher também teve complicações de saúde, mas foi atendido a tempo. Ao todo morreram dez pessoas na temporada de escalada desse ano. Na sexta-feira, 24, o irlandês Kevin Haynes, de 56 anos, também veio a falecer depois de um mal-estar.
A tragédia do alpinista inglês levanta suspeitas que as autoridades nepalesas estariam mais interessadas no lucro do que no bem estar dos esportistas. O país expediu 381 autorizações para explorar o Everest ao custo de 11 000 dólares cada (o Tibete, que também administra o Everest, expediu 140 autorizações). A superlotação impede que os alpinistas consigam transitar num local em que o ar é rarefeito e cada minuto conta. Tanto que uma das vítimas, o indiano Nihal Bagwan, de 27 anos, morreu enquanto fazia seus procedimentos de descida. “Ele ficou bloqueado no congestionamento por doze horas. Quando chegou, estava esgotado”, disse Keshav Paudel, proprietário de outra agência que cuida da travessia dos alpinistas.
De acordo com as autoridades do Nepal, cerca de 550 pessoas atingiram o topo do Everest em 2019. O período entre o final de abril e início de maio é considerado o ideal para a prática dessa atividade por causa de condições climáticas mais favoráveis. O clima bom, contudo atrai também um número de esportistas além do recomendável. Há relatos de engarramentos e longas filas para descer a montanha.
A conquista do Everest é um feito digno de Os Doze Trabalhos de Hércules por causa de seu grau de dificuldade – as avalanches, as condições climáticas hostis e o ar rarefeito. Livros e filmes sobre que venceu – e também sucumbiu – ao monte atiçam a curiosidade de outros aventureiros. No início dos anos 90, houve um aumento de expedições comerciais para o local, e consequentemente um crescimento nos riscos por causa do excesso de pessoas. A morte de Haynes dobra o número de vítimas fatais no Everest em relação ao ano anterior.