Americano morre por se automedicar com cloroquina
A mulher dele está internada em estado grave; Donald Trump defende uso de remédio para malária em casos de contaminação por coronavírus
Um casal sexagenário do estado americano do Arizona passou mal após ingerir cloroquina como meio de prevenir a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), na segunda-feira 23. O marido morreu, e a mulher está internada em estado grave. O presidente americano, Donald Trump, havia anunciado na semana passada as pesquisas sobre o possível uso da substância em pessoas contaminadas em estado grave.
A cloroquina até o momento é recomendada por médicos para o tratamento de pessoas com malári, artrite, problemas de pele e lupus.
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Clique e AssineA Banner Health, empresa responsável pelo hospital que atendeu o caso, afirmou na segunda-feira que o casal se sentiu mal meia hora após ter ingerido a cloroquina. Eles tinham acesso a uma variação da droga, que usavam para cuidar de seus peixes de estimação. Essa versão de cloroquina, porém, não é a mesma usada para tratar pacientes humanos adoecidos com malária.
“Trump disse que [a cloroquina] era basicamente uma cura”, afirmou a mulher, referindo-se a uma coletiva de imprensa do presidente americano na quinta-feira 19. O presidente havia dito que a cloroquina “não matará ninguém”, que havia apresentado “resultados iniciais muito, muito encorajadores” nas pesquisas já realizadas e que poderia ser disponibilizada no mercado “imediatamente”.
A Administração para Alimentos e Drogas (FDA), órgão do governo americano responsável pela fiscalização de medicamentos, ainda não reduziu as restrições para a comercialização da cloroquina e não reconhece nenhuma substância ou tratamento para “tratar, curar ou prevenir a Covid-19”.
“Dada a incerteza em torno do Covid-19, entendemos que as pessoas estão tentando encontrar novas maneiras de prevenir ou tratar esse vírus, mas a automedicação não é a maneira de fazê-lo”, aconselha Daniel Brooks, da Banner Health. “A última coisa que queremos agora é inundar nossos departamentos de emergência com pacientes que acreditam ter encontrado uma solução vaga e arriscada”, conclui.
No Brasil, que conta com pelo menos 1.891 casos e 34 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde, o governo federal avalia a possibilidade de autorizar o uso da cloroquina para pacientes com o novo coronavírus em estado grave. A recomendação deverá ser para os cinco primeiros dias da infecção. A decisão deverá ser tomada ainda esta semana.
Atrás apenas da China e da Itália, os Estados Unidos são o terceiro país mais atingido pela pandemia do novo coronavírus em número de casos confirmados. São cerca de 49.619 enfermos e 615 mortos até o início da tarde desta terça-feira, 24, segundo estimativa do jornal americano The New York Times.