Amigo de Trump, ex-âncora da Fox News vai à Rússia entrevistar Putin

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu na terça-feira, 6, uma rara entrevista ao apresentador de televisão americano Tucker Carlson, ex-Fox News e ligado ao ex-mandatário americano Donald Trump. A informação foi revelada nesta quarta-feira pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Segundo Peskov, Putin concordou com a entrevista, a primeira para um jornalista norte-americano desde o início da guerra na Ucrânia, porque Carlson traria abordagens que diferem da mídia tradicional ocidental.  

“Quando se trata dos países do Ocidente coletivo, as grandes redes de mídia, os canais de TV e os grandes jornais não podem de forma alguma se orgulhar de tentar pelo menos parecer imparciais em termos de cobertura”, disse o porta-voz em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

De acordo com ele, não há sentido em Putin conceder uma entrevista para meios de comunicação com visões tão unificadas. Ao ser questionado sobre o motivo de Carlson ter entrevistado o presidente, o diplomata afirmou que o jornalista não era nem pró-Rússia, nem pró-Ucrânia, mas sim pró-America. 

A entrevista está programada para ser transmitida nesta quinta-feira, 8, afirmou a agência de notícias russa TASS. A última entrevista concedida por Putin aos EUA foi em outubro de 2021, quando Hadley Gamble, da CNBC, o entrevistou. No entanto, o presidente russo conversou com outros veículos de imprensa da Rússia, China e Cazaquistão. 

Mídia “tendenciosa”

Após o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, diversos veículos ocidentais de comunicação abandonaram a Rússia e encerraram suas operações no país devido às rigorosas sanções aplicadas. Em meio às proibições, o repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, cidadão americano, foi detido sob acusação de espionagem em março de 2023.

“Não estamos aqui porque amamos Vladimir Putin. Não estamos encorajando você a concordar com o que Putin pode dizer nesta entrevista, mas estamos pedindo que você assista. Você deve saber o máximo que puder”, disse Carlson na plataforma X, antigo Twitter. 

Carlson também disse que grande parte da cobertura da mídia ocidental sobre a guerra é tendenciosa e a favor de Kiev. Ele também afirmou que pediu uma entrevista ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. 

O jornalista estadunidense é conhecido por sua relação com o ex-presidente, Donald Trump, que agora está na disputa eleitoral dos EUA pela terceira vez consecutiva. Ambos são figuras gigantescas da direita política americana, com os seus interesses e ambições muito interligados.