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Amsterdã tem um problema: muitos turistas

Amsterdã e o Airbnb assinaram um acordo que impossibilita os usuários da cidade de alugarem suas propriedades durante mais de 60 dias ao ano

Por Da redação
8 jan 2017, 10h06

Enquanto muitas cidades anseiam por receber turistas e o dinheiro que eles trazem, a cidade de Amsterdã aumentou os impostos para tentar desencorajar os visitantes. Os residentes da capital holandesa pedem há meses para que as autoridades locais freiem o constante fluxo de pessoas que chegam para visitar os canais, os coffeeshops, o bairro da Luz Vermelha e os tesouros de seus museus.

Segundo o departamento de turismo holandês, pelo menos 5,2 milhões de pessoas visitaram Amsterdã durante este ano, um número impressionante se comparado com os 800.000 moradores locais. “Eu passo todos os fins de semana fora da cidade, ou não saio de casa, é sufocante. Aqui não se pode viver”, disse Marikel, uma administradora holandesa de 42 anos.

Como ela, Mark, morador da cidade há 50 anos, lamenta que a capital tenha se tornado “um parque estilo Disneyland”, em referência à multidão e ao barulho noturno, e pede que Amsterdã aposte em um turismo “menos pobre e de mais qualidade”. O município reagiu a essas queixas e anunciou aumentos de impostos destinados a reduzir o número de mochileiros e foliões noturnos que chegam à cidade. Entre esses impostos consta especialmente a porcentagem arrecadada pela prefeitura no setor hoteleiro.

“Esta medida não apenas afastará os turistas de baixo orçamento, mas também atrairá milhões de euros aos cofres da cidade”, declarou o responsável de Finanças da prefeitura de Amsterdã, Udo Kock. As pessoas que visitam Amsterdã com pouco dinheiro costumam ser aqueles que a escolhem como destino para festas de despedida de solteiro, viagens de formatura ou escapadas de fim de semana.

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Amsterdã deve “focar no turismo de qualidade”, afirmou Kock, em referência aos casais que se hospedam em hotéis mais caros, que “visitam um ou dois museus por dia, e que vão para a cama em um horário razoável”. Segundo o município, 28% das reservas feitas a cada ano são em hotéis econômicos e o plano é “utilizar o imposto do turismo como medida para selecionar o tipo de visitantes que vêm à cidade”. Todos os turistas terão que pagar uma quantia fixa por noite e uma porcentagem extra que depende do preço do quarto.

Aumento de impostos — Atualmente, o município cobra 5% da tarifa do quarto como imposto aos proprietários dos hotéis, mas agora haverá uma quantia mínima fixa. Por exemplo, se um turista pagar agora 2,50 euros no imposto do turismo por um quarto de 50 euros a noite, segundo o novo plano passará a pagar um mínimo de 10 euros.

A isso deverá ser somada uma porcentagem dependendo do preço do quarto, que o município ainda não determinou, mas prevê que dará à prefeitura um extra de 4 milhões de euros ao ano a partir de 2017. Isto vai afetar principalmente os hotéis mais baratos, já que não significará muita diferença para um quarto de 250 euros a noite.

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Guerra ao Airbnb — A ideia inclui não apenas os hotéis, mas também os apartamentos turísticos e os quartos alugados por intermédio de plataformas como Airbnb. O município de Amsterdã e o Airbnb assinaram em novembro um acordo sem precedentes pelo qual a plataforma introduziu um mecanismo que impossibilita os usuários da cidade de alugarem suas propriedades durante mais de 60 dias ao ano.

Além disso, incluirá opções para vizinhos da casa que os permita enviar suas reclamações em caso de barulho excessivo e falta de higiene. Centenas de residências colocadas a aluguel para turistas foram pichadas com a frase “Parem o turismo de massa”. De acordo com um comunicado dos ativistas na rede Indymedia, “as casas foram marcadas porque são apartamentos de luxo alugados temporariamente aos turistas, enquanto milhares de pessoas buscam uma casa na cidade” em aluguel permanente.

No entanto, Utrecht, em uma tentativa de aproveitar esse excesso de turismo, autorizou em novembro a construção de um imenso bairro vermelho na cidade, apesar de ter tido vários fracassos nos últimos anos com escândalos de tráfico de pessoas e problemas de segurança. Por outro lado, cidades como Leiden, Haia e Maastricht estão mostrando cada vez mais seu atrativo cultural e histórico, acolhendo dezenas de exposições internacionais em seus museus, o que pode aliviar a uma asfixiada Amsterdã, que procura desesperada se desfazer de turistas.

(Com agência EFE)

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