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Ano de 2023 marca o complicado ensaio de Trump para voltar ao poder

Ele vai passar a campanha toda às voltas com a lei. Nada disso, no entanto, afetou sua popularidade e seu domínio sobre o Partido Republicano

Por Henrique Barbi Atualizado em 22 dez 2023, 09h29 - Publicado em 22 dez 2023, 06h00
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  • Cenho franzido, ruga entre as sobrancelhas, olhar ameaçador, lábios cerrados, ângulo pensado para intimidar. A pose, com jeito de ter sido ensaiada muitas vezes no espelho, compõe o mugshot (acima) de Donald Trump — a foto que foi obrigado a tirar ao ser indiciado em um dos cinco processos a que responde na Justiça. Pois é: em vez de se esconder, envergonhado, Trump passou 2023 usando cada convocação judicial para repisar, com a indiferença pela verdade e a arrogância de sempre, que é vítima de uma caça às bruxas contra “o homem mais inocente da história deste país”. A estratégia tem tido amplo sucesso junto à sua fidelíssima base de apoio (a foto viralizou estampada em memes, camisetas, bonés e canecas), mas não só entre ela. Seja por falta de opção, seja por anseio de mudança, seja por realmente acreditar em suas patacoadas, as pesquisas indicam que, se a eleição fosse hoje, Trump ganharia de seu adversário virtual, o presidente Joe Biden.

    Trump é réu em dois processos na Justiça civil (por tentar disfarçar a compra do silêncio de uma stripper sobre um caso extraconjugal e por fraudes financeiras em suas empresas), dois na Justiça federal (por levar para casa e esconder documentos secretos e por atiçar a turba que invadiu o Capitólio em janeiro de 2021) e um no estado da Geórgia (por tentar manipular o resultado das urnas). Vai passar, portanto, a campanha toda às voltas com a lei. Nada disso, no entanto, afetou sua popularidade e seu domínio sobre o Partido Republicano. As primárias — e a disputa pra valer — começam no dia 15 de janeiro, em Iowa, e muita água ainda há de rolar até 5 de novembro de 2024, o dia da eleição. Mas, do jeito que as coisas estão, só um escândalo de grandes proporções (não impossível) ou a troca de Biden por um democrata mais palatável (quase impossível) impedirá que Donald e Melania voltem a morar na Casa Branca. “Serei ditador só no primeiro dia”, diz ele, meio que brincando, sobre as medidas — e as vinganças — que planeja. Quem puder, melhor sair de baixo.

    Publicado em VEJA de 22 de dezembro de 2023, edição nº 2873

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