Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Antigo ‘farol do socialismo’, a Albânia agora é pop

Depois de passar cinquenta anos fechado ao mundo, país se reinventa como um destino repleto de encantos naturais e riqueza histórica

Por Ernesto Neves Atualizado em 4 jun 2024, 15h05 - Publicado em 22 nov 2019, 06h00

A pequena Albânia, país de 2,8 milhões de habitantes do tamanho do Estado de Alagoas, situado no sudeste da Europa, tem 175 000 abrigos nucleares. A proliferação de bunkers se deve à obsessão de Enver Hoxha, ditador comunista que fechou as fronteiras e jogou fora as chaves por quase meio século, do que via como ameaça de uma iminente invasão estrangeira para destruir o autoproclamado “farol do socialismo”. Passadas três décadas da derrocada, em 1991, do regime ferrenhamente stalinista, que fez do país o mais isolado e atrasado do continente, a invasão se concretizou, só que com pleno apoio dos albaneses. Neste ano a Albânia, repaginada como destino turístico dos mais procurados, deve receber 6 milhões de visitantes, o mesmo número de turistas que vêm ao Brasil.

Nenhuma capital europeia experimentou nos últimos anos transformação tão radical quanto a pacata Tirana, que nos tempos de Hoxha era classificada como “uma das cidades mais chatas da Europa”, com poucas lojas, nenhum carro particular na rua e entretenimento zero. “A experiência da Albânia era única e complexa. Lembro que absolutamente tudo era estatal, até o serviço do engraxate que lustrava meu sapato”, diz o jornalista brasileiro Bernardo Joffily, que lá viveu exilado entre 1974 e 1979. “As pessoas eram simpáticas e gostavam de bater papo na calçada no fim de tarde.” Desde a mudança de regime e a abertura das fronteiras, a população se multiplicou por quatro, atingindo os atuais 850 000 habitantes, e Tirana, lotada de restaurantes de comida mediterrânea e cafés moderninhos, virou um ponto turístico descolado e não muito caro, o que atrai principalmente os jovens. No centro histórico todo reformado mesclam-se mesquitas, igrejas e edifícios herdados do período comunista. Aberto em 2016, o Museu da Tortura, dedicado às vítimas do antigo regime, está instalado justamente dentro de um bunker.

A Albânia ainda é um dos países de menor renda per capita da Europa, com metade da população vivendo da agricultura, mas o turismo, que deve injetar cerca de 4 bilhões de euros na economia este ano, está mudando esse estado de coisas. O maior chamariz turístico do país fica na faixa de 150 quilômetros ao longo do Mar Adriático. A Riviera Albanesa, como é chamada, leva uma grande vantagem sobre sua xará francesa: como demorou a ser descoberta, preserva as últimas praias praticamente intocadas, sem prédios, sem lixo e sem hordas de banhistas — ao menos por enquanto.

No interior, o país é cortado pelos Alpes Albaneses, uma cordilheira que se eleva a 3 000 metros, coberta de florestas. Nos picos nevados, inexplorados por longas décadas, um punhado de estações de esqui foi inaugurado nos últimos três anos. Ao lado das belezas naturais, a Albânia oferece um sítio arqueológico, no Parque Nacional de Butrint, e as cidades históricas de Ohrid e Berat, declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. “Nosso passado é complicado, mas aprendemos a fazer piada disso”, diz Genti Mati, dono de uma agência de turismo de Tirana. Prova da nova imagem do país, é ali que estão as origens de duas cantoras de sucesso, Dua Lipa e Rita Ora. E vem de lá a mocinha de Mister, o novo romance da britânica E.L. James, autora do best-seller erótico Cinquenta Tons de Cinza. A Albânia, quem diria, agora é pop.

Publicado em VEJA de 27 de novembro de 2019, edição nº 2662

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR
Continua após a publicidade
Antigo ‘farol do socialismo’, a Albânia agora é popAntigo ‘farol do socialismo’, a Albânia agora é pop
Lonely Planet Western Balkans (Travel Guide) (English Edition)
Antigo ‘farol do socialismo’, a Albânia agora é popAntigo ‘farol do socialismo’, a Albânia agora é pop
Continua após a publicidade

Frommer’s Budget Travel Guide: Eastern Europe on $30 a Day : Albania, the Czech & Slovak Republics, Hungary, Poland, Slovenia & Romania

logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.