O ex-primeiro-ministro britânico David Cameron, que estava fora da política há sete anos, foi nomeado como novo secretário das Relações Exteriores do Reino Unido nesta segunda-feira, 13, pelo atual premiê, Rishi Sunak. A surpreendente escolha faz parte de uma reorganização no gabinete de Sunak, motivada por crises internas.
Cameron escreveu no X, anteriormente conhecido como Twitter, que o mundo passa hoje por um “conjunto assustador” de desafios internacionais, elencando entre os exemplos as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
“Embora tenha estado fora da linha da frente política durante os últimos sete anos, espero que a minha experiência – como líder conservador durante onze anos e primeiro-ministro durante seis – me ajude a ajudar o primeiro-ministro a enfrentar estes desafios vitais”, afirmou.
The Prime Minister has asked me to serve as his Foreign Secretary and I have gladly accepted.
We are facing a daunting set of international challenges, including the war in Ukraine and the crisis in the Middle East. At this time of profound global change, it has rarely been more…
— David Cameron (@David_Cameron) November 13, 2023
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Cameron assumiu o posto anteriormente ocupado por James Cleverly, depois que o ex-chanceler foi apontado para substituir Suella Braverman no Ministério do Interior. Segundo o jornal britânico The Guradian, ela foi demitida por Sunak nesta segunda-feira por criticar a polícia de Londres.
Braverman, da ala mais à direita do Partido Conservador, começou a sofrer ataques tanto da oposição quanto de membros mais moderados da sua legenda após ter assinado um artigo no qual acusa a polícia da capital de ser conivente com manifestantes de esquerda. No texto, ela afirma que os agentes de segurança agiram com “dois pesos e duas medidas” em protestos sobre a guerra Israel-Hamas, sugerindo que os protestos de direita foram mais reprimidos que os de críticos às ações das forças israelenses na Faixa de Gaza.
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A decisão de Sunak de trazer Cameron de volta pode agradar os moderados do seu Partido Conservador. No entanto, também pode enfurecer a ala mais à direita do partido, especialmente tendo em conta que a última ação política de Cameron foi liderar uma campanha fracassada para que o Reino Unido não seguisse com o Brexit e permanecesse na União Europeia.
Cameron renunciou ao cargo de primeiro-ministro em 2016, depois do referendo do Brexit. No entanto, segundo o Guardian, teria dito a amigos em 2018 que gostaria de regressar à política, de preferência como chanceler.
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Desde então, tem mantido um perfil relativamente discreto, embora tenha sido envolvido num escândalo há dois anos, quando pressionou os ministros do governo para fornecerem financiamento à agora inadimplente empresa de serviços financeiros Greensill Capital.
A reestruturação no governo conservador ocorre enquanto a legenda aparece atrás do Partido Trabalhista em pesquisas de opinião antes das eleições, previstas para o ano que vem.