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Após derrota eleitoral retumbante, Sunak apresenta renúncia ao rei Charles

Encerrando 14 anos de governos conservadores, Partido Trabalhista retornará ao poder e Keir Starmer será novo primeiro-ministro

Por Da Redação
Atualizado em 5 jul 2024, 12h31 - Publicado em 5 jul 2024, 07h55

Seguindo os planos depois da retumbante derrota de seu Partido Conservador nas eleições nesta quinta-feira, 4, o primeiro-ministro Rishi Sunak se encontrou com o rei Charles III na manhã desta sexta para renunciar formalmente ao cargo.

Em nota, o Palácio de Buckingham confirmou que a renúncia foi aceita pelo monarca.

“O honorável deputado Rishi Sunak teve uma audiência com o rei nesta manhã e apresentou sua renúncia como primeiro-ministro e primeiro-lorde do Tesouro, que sua majestade teve o prazer de aceitar”, diz o texto.

Encerrando 14 anos de governos conservadores, o Partido Trabalhista (centro-esquerda) retornará ao poder, após conquistar maioria absoluta no Parlamento britânico.

+ Trabalhistas conseguem maioria absoluta no Parlamento britânico

Na última atualização da contagem dos votos, os trabalhistas já haviam conquistado 412 assentos, bem mais do que os 326 necessários para governar com maioria absoluta. Com os números, Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, será o novo primeiro-ministro.

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Socialista militante de 61 anos convertido em parlamentar pragmático, famoso por mudar de opinião conforme os interesses do momento (apelido: Camaleão), Starmer assumiu o comando dos trabalhistas em 2019 por ser o exato oposto do então líder Jeremy Corbyn, um ultraesquerdista frequentemente acusado de antissemitismo, que levou o partido a sua pior derrota eleitoral em oitenta anos.

Uma vez na liderança, Starmer tratou de expurgar as alas à esquerda, direcionou a sigla para o centro e abraçou bandeiras do outro lado particularmente caras ao eleitorado, como a repressão à imigração ilegal.

Em discurso do lado de fora da sede do governo, em Downing Street, pouco antes de seguir para encontro com Charles, Sunak disse que os eleitores “enviaram um sinal claro de que o governo do Reino Unido precisa mudar, e o julgamento de vocês é o único que importa”.

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“Ouvi a raiva de vocês, a decepção, e assumo a responsabilidade por esta derrota. A todos os candidatos conservadores e às equipes de campanha que trabalharam sem descanso, mas sem sucesso, peço desculpas pelo fato de que eu não pude entregar o que seus esforços mereciam”, afirmou.

Apesar de perder o posto de premiê, Sunak conseguiu manter seu assento de deputado pelo distrito eleitoral de Richmond e Northallerton, no norte de Inglaterra.

Cenário desfavorável

Por que, em cenário tão desfavorável, Sunak resolveu antecipar as eleições programadas inicialmente para o fim do ano? Segundo especialistas, por desespero — se arrastasse a agonia, seu partido iria sangrar mais ainda.

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+ A ‘política do desespero’ que paira sobre EUA, França e Reino Unido

O primeiro-ministro aproveitou a volta da inflação ao aceitável patamar de 2% em maio (eram 11% em 2022, quando ele assumiu, a maior em quarenta anos) e a dificultosa aprovação de seu projeto anti-imigração, calcado na deportação de indesejáveis para Ruanda, para convocar uma eleição em que a derrota é certa, na esperança de se sair um pouco melhor do que indicam as pesquisas e evitar um vexame total.

A principal estratégia dos trabalhistas nesta eleição foi bater no Partido Conservador — o que não é muito difícil. No Serviço Nacional de Saúde, que já foi um orgulho britânico e passou por seguidos cortes de verba nos governos conservadores, 40% dos pacientes aguardam mais de quatro horas por atendimento nos prontos-socorros e a internação em hospitais pode levar até doze horas.

O Brexit, do qual a maioria dos apoiadores de 2016 hoje se arrepende, não trouxe o impulso esperado. Pelo contrário, a economia estagnada reduz a produtividade a seu nível mais baixo desde a Revolução Industrial, a renda média dos britânicos é hoje 43% menor do que a dos americanos, a crise imobiliária faz com que o número de sem-teto no país seja o mais alto do mundo desenvolvido e o crescimento médio do PIB, do divórcio da União Europeia até 2025, deve ser de parco 0,8%.

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Responsáveis maiores pelo declínio, os conservadores se dividiram, e uma ala mais à direita vive em pé de guerra com os colegas mais tradicionais. As brigas internas paralisaram e derrubaram governos — foram cinco em oito anos.

Uma vez no poder, os trabalhistas falam em trazer de volta o crescimento através de uma nova política industrial, marcada por subsídios e proteção contra a concorrência externa, mas não pretendem se desviar da austeridade em vigor e avisam que vão aumentar impostos — só garantem mesmo a manutenção do imposto de renda como está. “Starmer fez propostas realistas, semelhantes às dos conservadores”, disse Steven Fielding, professor de história política da Universidade de Nottingham, em entrevista a VEJA.

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