O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acaba de receber (mais) más notícias. Após viajar a Washington D.C. na terça-feira 12 para tentar convencer o Congresso americano a desbloquear financiamentos para o país em guerra com a Rússia, que vêm sendo fundamentais para sua sobrevivência no campo de batalha, a União Europeia, outro importante aliado ocidental, falhou em aprovar, nesta sexta-feira, 15, uma nova leva de auxílio militar para Kiev.
O bloqueio foi obra do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, responsável por vetar o pacote de 50 bilhões de euros (R$ 270 bilhões), que precisava ser aprovado por unanimidade. Mesmo após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, ele manteve laços estreitos com Moscou, mas justificou a iniciativa afirmando que o bloco deveria direcionar os recursos para questões internas – mais especificamente, o controle das fronteiras para coibir imigrantes.
O veto de Orban era esperado, embora ele tenha concedido, em outra cúpula em Bruxelas, na quinta-feira 14, que a União Europeia abrisse as negociações com a Ucrânia para que a nação entre no bloco. Mas não de boa vontade: em um balé orquestrado, o líder húngaro deixou a câmara onde os outros 26 chefes de Estado votaram pelo sinal verde a Kiev, de forma a não ter sua imagem associada à iniciativa.
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Manobras políticas
O Kremlin elogiou a posição de Orbán, que o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse ter impressionado Moscou. Ao mesmo tempo, Peskov criticou a União Europeia, dizendo que a decisão de abrir negociações de adesão foi “politizada” e poderia desestabilizar o bloco.
Orbán, que tem um histórico bater de frente com outros líderes da União Europeia como forma de agradar seu eleitorado na Hungria, disse à rádio estatal que bloqueou o pacote de ajuda à Ucrânia para garantir que seu país receba os fundos que demanda do orçamento do bloco.
“É uma grande oportunidade para a Hungria deixar claro que deve receber aquilo a que tem direito. Nem metade, nem um quarto”, disse ele.
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Além disso, Orbán alertou que ainda pode bloquear as negociações de adesão da Ucrânia a qualquer momento.
“Esta é uma má decisão”, disparou o populista. “Podemos interromper este processo mais tarde e, se necessário, pisaremos no freio e a decisão final será tomada pelo parlamento húngaro.”
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Momento espinhoso
O veto ao novo pacote financeiro da União Europeia ocorre em num momento crítico para a Ucrânia. Sua alardeada contraofensiva, que começou no início do ano, não deu os resultados esperados e avanços prometidos.
Enquanto isso, o fiel aliado de Zelensky, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não conseguiu convencer o Congresso – mais especificamente, os republicanos – a desbloquearem uma nova leva de auxílio a Kiev no valor de US$ 60 bilhões (R$ 296 bilhões).
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Os líderes da União Europeia chegaram a sugerir que poderiam preencher o espaço deixado pelos americanos, mas os acontecimentos desta sexta-feira indicam que não será assim tão fácil. Após o fracasso do pacote coletivo, alguns chefes de Estado afirmaram que poderiam fornecer auxílio a Kiev individualmente.
“A mensagem para a Ucrânia é: estaremos lá para apoiá-los, só precisamos de resolver alguns detalhes juntos”, disse o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo.