Após golpe, líder do governo de Mianmar é condenada a 4 anos de prisão
Aung San Suu Kyi recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991 e em 2017 foi acusada de comandar genocídio da minoria muçulmana Rohingya
Aung San Suu Kyi, a líder deposta de Mianmar, foi condenada a quatro anos de prisão por um tribunal local nesta segunda-feira, 6. A ganhadora do prêmio Nobel da Paz de 1991 foi acusada de incitar a dissidência contra os militares e quebrar as regras de saúde em relação à Covid-19.
Suu Kyi, de 76 anos, foi a conselheira de estado de Mianmar e líder de fato até que os militares tomaram o poder em de 1º de fevereiro e impuseram sua liderança ao país do sudeste asiático. Após o golpe, ela foi uma das mais de 4.000 pessoas detidas em circunstâncias pouco claras.
A junta militar tentou restringir as informações sobre o julgamento realizado nesta segunda. Mas segundo a imprensa internacional, Suu Kyi foi condenada a dois anos de prisão por incitamento e mais dois por de violar a seção 25 da Lei de Gestão de Desastres, em uma decisão relacionada a sua condução da resposta à pandemia.
Além dos crimes julgados hoje, a líder deposta enfrenta outras acusações que somam sentenças máximas combinadas de mais de 100 anos. Ela rejeita todas as acusações e afirma que o julgamento é ilegal. Os advogados de Suu Kyi estão proibidos de falar com a imprensa.
O presidente deposto de Mianmar, Win Myint, também foi condenado a quatro anos de prisão nesta segunda. Não foi determinado onde eles irão cumprir suas sentenças.
Esta não é a primeira vez que Suu Kyi é condenada à prisão. Durante o regime militar anterior, ela passou longos períodos em prisão domiciliar após o assassinato em 1947 de seu pai, herói da independência nacional.
Em 1988 ela ajudou a liderar uma revolta contra a junta militar e em 1991 venceu o Prêmio Nobel da Paz. Ela foi eleita para o Parlamento em 2012 e depois que assumiu o poder viu sua figura internacional desmoronar. Ela é acusada de comandar uma concepção autocrática de governo e perseguir a minoria étnica Rohingya.
Em 2017, quase 750.000 muçulmanos da minoria fugiram dos abusos do governo e das milícias budistas para buscar refúgio em acampamentos de Bangladesh. Após a tragédia, Mianmar foi acusada de “genocídio” na Corte Internacional de Justiça (CIJ).