Depois de meses de impasse, o Parlamento da Turquia ratificou nesta terça-feira, 23, o protocolo de adesão para que a Suécia integre a Otan, a principal aliança militar ocidental. Agora, resta apenas o sinal verde da Hungria para que Estocolmo entre oficialmente no grupo.
Após a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, Suécia e Finlândia abandonaram políticas de décadas de não alinhamento militar e solicitaram adesão à Otan. Enquanto Helsinque conseguiu sua aprovação, a solicitação sueca seguia estagnada principalmente por negativas da Turquia. O principal entrave está ligado à recusa do país em extraditar dezenas de curdos que Ancara afirma serem militantes foragidos após uma tentativa fracassada de golpe em 2016.
Para piorar, no início do ano passado as relações entre Turquia e Suécia sofreram um grande golpe após uma manifestação em frente à embaixada turca em Estocolmo, durante a qual um político anti-imigração incendiou uma cópia do Alcorão. Em respostas, manifestantes turcos queimaram a bandeira sueca na frente da embaixada do país em Ancara.
Em meados do ano passado, as autoridades da Suécia aprovaram um novo protesto envolvendo a queima de um Alcorão do lado de fora de uma mesquita no centro de Estocolmo, uma decisão que afetou ainda mais a tentativa de ingressar na Otan durante a cúpula desta semana.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, já havia condicionado a ratificação a interesses turcos, como a abertura de um caminho para a venda de caças americanos F-16 a Ancara e a entrada da Turquia na União Europeia. A candidatura do país ao bloco europeu está congelada desde 2005.
+ Erdogan condiciona admissão da Suécia na Otan à entrada da Turquia na UE
Na época, questionado sobre os comentários de Erdogan, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que, embora apoie a adesão de Ancara à UE, no que lhe diz respeito, a Suécia já cumpriu as condições exigidas para aderir à Otan. Um porta-voz da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, disse que a ampliação da Otan e da UE são “processos separados” e que “o processo de adesão de cada país candidato é baseado nos méritos de cada país”.