Após mais de 30 horas, todos os 300 reféns são libertados em sequestro de trem no Paquistão
Exército de Libertação Balúchi (BLA) interceptou locomotiva na última terça-feira, 11

Após mais de 30 horas, o Exército do Paquistão anunciou nesta quarta-feira, 12, o resgate quase 350 passageiros do trem Jaffar Express, sequestrado por militantes separatistas no Baluchistão, a maior província do país. Durante a operação, 33 militantes foram mortos. O grupo rebelde já havia executado 21 civis e quatro militares antes do resgate.
O sequestro, reivindicado pelo Exército de Libertação Balúchi (BLA), grupo separatista que luta por maior autonomia na região, começou na terça-feira, 11, quando os militantes atacaram o trem que transportava mais de 400 passageiros. O BLA, classificado como terrorista pelo Paquistão e por potências ocidentais, incluindo Reino Unido e Estados Unidos, exigia a libertação de prisioneiros políticos balúchis e ameaçou executar os reféns caso suas demandas não fossem atendidas em 48 horas.
Terror a bordo
Os militantes explodiram um trecho da ferrovia e lançaram foguetes contra o Jaffar Express enquanto o trem passava por um túnel na região montanhosa de Sibi, no Baluchistão. Cerca de 100 passageiros que estavam no veículo eram membros das Forças Armadas.
Testemunhas relataram cenas de pânico dentro da locomotiva. “Prendemos a respiração durante o tiroteio, sem saber se sairíamos vivos dali”, disse o passageiro Ishaq Noor à BBC. A localização montanhosa dificultou a comunicação com as autoridades locais, já que a região não tinha internet nem sinal de celular. Alguns conseguiram desembarcar e caminharam por horas até a estação mais próxima.
O Exército do Paquistão mobilizou helicópteros e centenas de soldados para o resgate. Até a manhã de quarta-feira, mais de 100 passageiros já haviam sido libertados. O porta-voz militar afirmou que qualquer envolvido no ataque será levado à justiça e que operações de busca seguem em andamento para eliminar possíveis ameaças restantes.
Luta separatista
A insurgência separatista na região existe há décadas, mas se intensificou nos últimos anos com a presença da China no porto de Gwadar, um dos principais projetos do plano de infraestrutura “Cinturão e Rota”, mais conhecido como “Nova Rota da Seda”, de Pequim.
Os militantes acusam o governo paquistanês de explorar os recursos naturais da província sem beneficiar sua população, tornando Baluchistão a área mais pobre do país. O porto, frequentemente alardeado como “a próxima Dubai”, se tornou um pesadelo de segurança com bombardeios persistentes de veículos que transportavam trabalhadores chineses, com muitos mortos.
Na semana passada, o Departamento Antiterrorismo do Baluchistão emitiu um alerta de ameaça referente a “um ataque planejado” pelo BLA e pediu que “todas as autoridades envolvidas tomem precauções e medidas de segurança extraordinárias para evitar qualquer ocorrência”.