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Após relaxamento acelerado, China se prepara para novo surto de Covid-19

No fim de semana, profissionais da saúde relataram aumento de procura por serviços de emergência

Por Matheus Deccache 12 dez 2022, 12h27

A China está se preparando para uma nova onda de Covid-19 nos próximos dias, depois de ter anunciado a flexibilização de uma série de medidas restritivas para se distanciar da polêmica política de Covid Zero, que esteve em vigor no país desde janeiro de 2020.

Segundo especialistas, variantes do coronavírus estão se espalhando rapidamente e há fortes sinais de um surto se iniciando em Pequim. No entanto, o relaxamento segue em curso em todo o território chinês. Nesta segunda-feira, 12, as autoridades anunciaram a desativação da função de rastreamento de saúde do “cartão de itinerário móvel”.

+ A caminho da reabertura, China anuncia mudança radical na resposta à Covid

O sistema, que é diferente do escaneamento de código de saúde ainda exigido em alguns lugares, usa os dados do celular dos usuários para rastrear seu histórico de viagens nos últimos 14 dias, na tentativa de identificar aqueles que estiveram em um cidade com zonas classificadas como “alto risco”.

A norma era mais uma que causava polêmica entre os chineses, que alertavam para a coleta e uso de dados indevidamente por parte do governo, além de proibir sua circulação mesmo que ela não tivesse estado em uma das zonas designadas. 

No entanto, à medida que os relaxamentos avançam, há preocupação em como o sistema de saúde irá lidar com um eventual surto. Durante o fim de semana, alguns estabelecimentos foram fechados e ruas ficaram vazias em Pequim devido ao medo da população com o vírus. O maior fluxo de pessoas era visto em frente a farmácias e a cabines de testes.

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Também no final de semana, profissionais de saúde da capital relataram um alto número de ligações para serviços de emergência, em sua maioria de pacientes com sintomas leves ou inexistentes, o que levou a um apelo dos funcionários dos hospitais para que os residentes deixem a linha livre para aqueles com sintomas mais severos. 

Em entrevista à mídia estatal chinesa, o médico-chefe do Centro de Emergência de Pequim disse que o volume diário de chamadas aumentou de seus habituais 5.000 para mais de 30.000 nos últimos dias. 

+ China começa a abandonar política de Covid Zero após onda de protestos

Para Zhong Nanshan, especialista em Covid-19 e uma das principais vozes sobre a doença na China, será difícil segurar a transmissão da Ômicron mesmo com uma forte prevenção devido ao seu alto poder de transmissão.

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“Não importa quão forte seja a prevenção e o controle, será difícil cortar completamente a cadeia de transmissão”, disse ele à mídia local. 

A rápida mudança nas políticas contra a doença, com uma série de medidas anunciadas na última semana, também está dificultando a avaliação e extensão da disseminação, de modo que os números oficiais não pintam o verdadeiro quadro. 

De acordo com o governo, 8.626 casos foram registrados em todo o país no último domingo, valor abaixo dos 10.597 do dia anterior e bem inferior aos mais de 40.000 totalizados no final de novembro.

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A velocidade da flexibilização aponta que o país pode estar despreparado para lidar com um repentino aumento de diagnósticos, principalmente pelo fato de várias medidas entrarem em vigor de uma só vez. Embora a Ômicron seja uma variante mais leve em comparação com as anteriores, a sua fácil transmissão pode causar grandes surtos que irão prejudicar o sistema de saúde em uma nação com mais de 1,4 bilhão de pessoas. 

+ China planeja flexibilizar restrições da Covid-19 após semana de protestos

Para os especialistas do país, o foco agora deve ser a ampla vacinação da população, principalmente com a aplicação de doses de reforço em idosos, devido à chegada do Ano Novo Lunar, onde muitos chineses viajam internamente para encontrar parentes. Uma das medidas anunciadas na última semana já previa um aumento na campanha de vacinação. 

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