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Após tomada do palácio presidencial, membros da ONU são mortos no Sudão

Os três funcionários do Programa Mundial de Alimentos da ONU foram atingidos indo para o trabalho; conflitos pelo controle do país continuam

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 16 abr 2023, 14h33 - Publicado em 16 abr 2023, 14h25

Em meio à onda de violência que eclodiu no Sudão, país africano que vive uma tentativa de tomada de poder por um grupo paramilitar, três membros da Organização das Nações Unidas (ONU) foram mortos. Os funcionários, que atuavam no Programa Mundial de Alimentos da ONU – identificados como Daniel James, Ecsa Tearp e Ali Elario e cidadãos sudaneses –, foram atacados no sábado (15) quando se dirigiam para o trabalho, na região de Darfur. A ação dos paramilitares, somados aos confrontos com o exército do país, deixaram 27 mortos nas últimas horas, num total de 56 óbitos e mais de 600 feridos. Diante dessa uma nova tentativa de golpe no país, o Programa das Nações Unidas decidiu suspender, pelo menos por agora, as atividades no Sudão.

O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), comandado pelo general Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como Hemedti, afirmou neste sábado ter assumido o controle do palácio presidencial, da residência do chefe do Exército, do Aeroporto Internacional de Cartum (capital do país), além de aeroportos nas cidades de Merowe e El Obeid. Em uma ligação à rede de notícias do Catar Al-Jazeera, Hemedit assegurou que “não vão parar antes de assumir o controle de todas as bases militares”. O exército oficial do Sudão, sob o comando do general Abdel Fatah al Burhan, líder daquele país desde o golpe de Estado de 25 de outubro de 2021, por sua vez, anunciou que tinha mobilizado as forças aéreas contra o “inimigo”.

Diante do avanço da violência no Sudão, que faz fronteira com o Egito e a Arábia Saudita, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou que o governo acompanha com preocupação a crise no país. Em nota, as autoridades brasileiras reforçaram seu apoio às negociações políticas entre as lideranças sudanesas, com o objetivo de restabelecer um governo civil de transição. “O governo brasileiro exorta as partes à contenção e à cessação imediata dos combates. Reiteramos apoio aos esforços do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesse sentido”, diz um trecho da nota. O governo também criou um canal de WhatsApp (+55 61 98260-0610) para os brasileiros que estejam necessitando de apoio no Sudão.

Tanto o grupo paramilitar FAR quanto o exército sudanês reivindicam o controle de instalações estratégicas e da sede do governo. Em meio ao embate, os grupos opositores concordaram, neste domingo (16), em abrir um corredor humanitário para a retirada de feridos, entre as 11h e as 14h, no horário de Brasília, mas admitiram quebrar o acordo caso um dos lados ataque.

O que se vê até agora, porém, é uma grande crise. A capital Cartum viveu uma noite imersa em conflitos, com vários disparos e explosões. A violência se mantém após terem ocorridos no sábado diversos confrontos nas ruas, ataques aéreos e ameaças entre os paramilitares e membros do exército que comanda o país desde o golpe de 2021.

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