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Arábia Saudita condena estudante a 34 anos de prisão por usar Twitter

Salma al-Shehab, doutoranda da Universidade de Leeds, no Reino Unido, foi acusada de seguir opositores do regime saudita na rede social

Por Da Redação
17 ago 2022, 10h47

Um tribunal da Arábia Saudita condenou uma mulher a 34 anos de prisão por ter uma conta no Twitter e seguir ativistas contrários ao regime saudita na rede social. Salma al-Shehab, de 34 anos, é doutoranda na Universidade de Leeds, no Reino Unido, e foi detida quando retornava para seu país, em uma viagem de férias.

De acordo com uma tradução dos registros do julgamento, divulgada nesta quarta-feira, 17, pelo jornal britânico The Guardian, a saudita, mãe de dois filhos pequenos, tinha sido inicialmente condenada a três anos de prisão pelo “crime” de usar a plataforma para “causar agitação pública e desestabilizar a segurança civil e nacional”.

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Contudo, a penalidade foi ampliada para 34 anos depois que um promotor público pediu ao tribunal que considerasse outros supostos crimes. As novas acusações incluem a alegação de que Shehab estava “ajudando aqueles que procuram causar agitação pública e desestabilizar a segurança civil e nacional, seguindo suas contas no Twitter” e compartilhando as publicações de opositores em seu perfil. Acredita-se que Shehab ainda possa buscar um novo recurso no caso após a decisão de segunda-feira 15.

A estudante voltou para a Arábia Saudita em dezembro de 2020, de férias, e pretendia levar seus dois filhos e marido para o Reino Unido, onde estava completando seu curso de doutorado. Lá, ela foi chamada para um interrogatório pelas autoridades sauditas e acabou presa e julgada por seus tuítes.

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Segundo fontes ouvidas pelo Guardian, a estudante não se intitulava como uma ativista, nem na Arábia Saudita, nem no Reino Unido. Ela se descreveu no Instagram – onde tinha 159 seguidores – como higienista dental, educadora médica, estudante de doutorado na Universidade de Leeds e professora da Universidade Princess Nourah bint Abdulrahman, instituição de ensino superior feminina da capital saudita, e como esposa e mãe de seus filhos, Noah e Adam.

Em seu perfil no Twitter, a acadêmica tinha 2.597 seguidores e a maioria de suas publicações era de conteúdo pessoal como fotos de seus filhos pequenos.

Shehab às vezes compartilhava publicações de dissidentes sauditas que vivem no exílio, que pedem a libertação de prisioneiros políticos da monarquia do Oriente Médio. Ela também apoiava figuras como Loujain al-Hathloul, uma proeminente feminista saudita foi presa e supostamente torturada por lutar por direitos das mulheres.

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A sentença contra a estudante foi proferida semanas após a visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Arábia Saudita. Algumas lideranças de direitos humanos alertaram que o evento poderia intensificar a repressão do regime do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, a dissidentes e outros ativistas pró-democracia.

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A Organização Saudita Europeia para os Direitos Humanos condenou a sentença de Shehab, que disse ser a mais longa sentença de prisão já aplicada contra qualquer ativista. A instituição também observou que muitas ativistas foram submetidas a julgamentos injustos que levaram a sentenças arbitrárias e foram submetidas a “tortura severa”, incluindo assédio sexual.

O Twitter se recusou a comentar o caso e a possível influência de personalidades do reino sobre o empreendimento. Um dos maiores investidores da rede social é o bilionário saudita Prince Alwaleed bin Talal, que possui mais de 5% do Twitter por meio de sua empresa de investimentos, Kingdom Holdings.

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