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Argentina anuncia renegociação de dívida com FMI e credor privado

Medidas são adotadas depois de o dólar alcançar 60 pesos e de a taxa de risco país superar 2.100 pontos básicos

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 28 ago 2019, 20h27 - Publicado em 28 ago 2019, 19h45
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  • A dois meses das eleições presidenciais, o governo da Argentina anunciou que vai começar um processo de extensão dos prazos de vencimento de sua dívida com credores estrangeiros e renegociar os prazos de pagamento da ajuda recebida do Fundo Monetário Internacional (FMI). As medidas foram detalhadas nesta quarta-feira, 28, pelo ministro da Fazenda, Hernan Lacunza, logo depois de a cotação do dólar ter chegado a 60 pesos e de a taxa de risco-país ter superado 2.100 pontos básicos.

    “Propusemos ao FMI iniciar o diálogo sobre o reescalonamento dos vencimentos da dívida”, afirmou Lacunza, referindo-se à ajuda financeira recebida pelo país do Fundo em 2018.

    Lancuza expôs quatro medidas: 1) prorrogação em três a seis meses dos prazos da dívida de curto prazo nas mãos de investidores institucionais; 2) a extensão voluntária dos prazos de  bônus emitidos, sem reduzir seus capitais nem remunerações, que terá de ser submetida ao Congresso; 3) negociar com os bancos da extensão dos prazos dos bônus com jurisdição estrangeira, nas mesmas condições; 4) iniciar uma conversa com o FMI sobre o reescalonamento da dívida, como sugeriu a oposição argentina.

    Os objetivos dessas iniciativas, segundo o ministro, serão “impedir que o dólar e a inflação subam ainda mais” e  “aliviar a carga financeira” do país em curto e médio prazos. A taxa de inflação nos últimos 12 meses encerrados em julho alcançou 54,4%. As medidas refletiram a instabilidade vivida no país nos últimos dois dias, com acentuada desvalorização do peso.

    O presidente Mauricio Macri, que concorre à reeleição em 27 de outubro, manteve várias reuniões com sua equipe econômica até concordar com as quatro medidas anunciadas. A ordem de Macria Lancuza foi clara, segundo o jornal Clarín: “Que nem o dólar nem a inflação subam mais, porque já estão muito elevados em relação aos salários dos argentinos”.

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    “Há uma incerteza que o governo tem de abordar, e o fazemos com as ferramentas que acabam de ser anunciadas”, afirmou Lacunza, que acrescentou ter antecipado as medidas ao FMI. “Estas medidas relaxam a disponibilidade de reservas para atender eventuais demandas cambiais. O efeito esperado deveria ser uma pressão menor sobre o mercado cambial.”

    Os jornais argentinos evitaram qualificar as medidas como uma moratória – a suspensão de pagamentos da divida por um país. Trata-se de um artifício que Buenos Aires adotou em 2001 e em 2014 e que, em ambas as ocasiões, causou danos severos à economia e à imagem do país. Até o momento, o governo argentino se propõe a renegociar prazos, sem insinuar um cenário de interrupção de pagamentos.

    Eleições

    Hernan Lancuza tentou trazer a oposição para a responsabilidade pelas medidas anunciadas. Em especial, porque a renegociação da dívida do país com o FMI já estava no programa econômico do líder nas pesquisas eleitorais, o peronista Alberto Fernández, que tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner. “No processo eleitoral, as equipes dos candidatos em campanha também passam a tomar parte do sistema”, argumentou.

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    “Nenhum governo pode seguir sozinho. Sem vocações totalitárias, nem sequer deveria tentar. menos ainda em um processo eleitoral. Precisamos do apoio de todas as forças políticas para garantir a estabilidade. Se a oposição não quiser, o governo não vai poder”, completou o ministro.

    Segundo o portal Infobae, o presidente do Banco Central da República Argentina (BCRA), Guido Sandleris, destacou ser prioridade da instituição preservar a estabilidade monetária e financeira do país, mesmo que isso signifique a postergação dos pagamentos da dívida. Sandleris acrescentou que o BCRA continuará a manter uma política monetária restritiva – a taxa de juros é de 74% – e a atuar no mercado cambial para conter a volatilidade do peso e manter o sistema financeiro sustentável.

     

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