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Argentina: Massa promete ser ‘presidente de todos’ em governo de unidade

Candidato da coalizão peronista União pela Pátria surpreendeu ao vencer o primeiro turno; contra Javier Milei, segundo turno será marcado por polarização

Por Da Redação
Atualizado em 23 out 2023, 12h56 - Publicado em 23 out 2023, 09h46

O peronista Sergio Massa, da coalizão governista União pela Pátria, venceu o primeiro turno das eleições da Argentina neste domingo, 22. Sozinho no palco, sem outros dirigentes, foi saudado com gritos de “presidente!” e prometeu que, se chegar à Casa Rosada, começará a “construir uma nova etapa para a história política” do país, que “abraça a todos”.

O improvável candidato à Presidência, ministro da Economia de um país em crise, obteve 36,6% dos votos, ficando em primeiro lugar, e enfrentará no segundo turno o congressista de extrema direita Javier Milei, que conseguiu 30%. Ele tem 30 dias para conquistar os votos que precisa para ser presidente e, em meio à polarização, garantiu construir um governo de unidade nacional.

“Vou fazer um governo de unidade nacional como presidente, apelando aos melhores independentemente da sua força política”, disse ele da sede do União pela Pátria, no bairro de Chacarita, em Buenos Aires.

Massa listou alguns dos “pilares das políticas de Estado” que considera fundamentais para esse objetivo: “Uma indústria argentina forte”, “educação pública, gratuita, de qualidade e inclusiva”, e “um regime de trabalho moderno que abrace a tecnologia sem abrir mão dos direitos conquistados”.

O candidato governista tem consciência de que se quiser vencer as eleições precisa conquistar uma multidão de eleitores desencantados. Os últimos quatro anos de governo foram marcados pela gestão atrapalhada da pandemia de Covid-19, pelo confronto do presidente, Alberto Fernández, com a vice-presidente, Cristina Kirchner, além do aprofundamento da crise econômica.

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A Argentina atingiu uma inflação anual de 138,3% no mês passado e a pobreza atinge 40% da população. O salário mínimo é de 132 mil pesos, cerca de US$ 380 pelo câmbio oficial e menos de US$ 150 pelo informal. O país também teve que renegociar a dívida de US$ 44 bilhões, que o governo do ex-presidente Mauricio Macri contraiu com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2018.

“Sei que muitos dos que votaram em nós são os que mais sofrem. Não vou falhar com vocês”, assegurou Massa.

Há dois meses, no mesmo palco, ele apelou à “reversão” dos resultados das eleições primárias, os piores para o peronismo em décadas. Foi bem-sucedido: após 60 dias, obteve quase 9,5 milhões de votos, 3 milhões a mais que nas primárias.

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Agora, Massa enfrentará Milei no segundo turno, no dia 19 de novembro, quando ambos disputarão os votos de cerca de 35 milhões de argentinos. Nenhum dos dois conseguiu os 45% dos votos, ou 40% com vantagem de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, necessários para vencer no primeiro turno.

Atrás de Massa e Milei, que era a favorita nas pesquisas e sofreu um baque com o resultado, ficou a conservadora Patricia Bullrich, do Juntos pela Mudança, com 23,8% dos votos. Após saber dos resultados, se recusou a apoiar o peronismo e abriu as portas para apoiar a extrema direita,

Massa foi nomeado pelo partido no governo com o objetivo de ser o candidato da “unidade”, apesar de ser opositor do kirchnerismo até 2009. À frente do Ministério da Economia há pouco mais de um ano, fez malabarismo nos últimos meses entre essas responsabilidades e sua função de candidato.

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Nas últimas semanas, a sua campanha concentrou-se em convencer o eleitorado de que foi ele quem concordou em chefiar a pasta espinhosa quando ninguém mais queria o cargo. Também foi sua estratégia posicionar-se como antagonista de Milei, um candidato ultraliberal que propõe dolarizar a economia, reduzir os gastos do Estado, privatizar a Saúde e a Educação, bem como revogar a lei do aborto.

Parece ter sido suficiente, pelo menos por enquanto. Agora, porém, começa uma nova campanha, que terá duração de um mês. Massa tem 30 dias pela frente para concretizar seu antigo desejo de ocupar a Casa Rosada.

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