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Argentina para em quarta greve geral contra governo Macri

Trabalhadores protestam contra medidas de ajuste econômico adotadas pelo presidente e desemprego

Por Da redação
Atualizado em 25 set 2018, 15h55 - Publicado em 25 set 2018, 08h55
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  • As principais centrais sindicais da Argentina realizam nesta terça-feira a quarta greve geral contra o governo do presidente Mauricio Macri, que discursará hoje na 73ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York.

    A greve – que paralisará transportes públicos, aeroportos e bancos – foi convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) contra as medidas de ajuste econômico, que o presidente adotou para obter uma linha de crédito de 50 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI).

    Desde o fim da tarde de segunda, as seis linhas do metrô de Buenos Aires estavam completamente paralisadas. Trens e ônibus urbanos também não funcionam nesta terça e dificilmente haverá táxis circulando pelas ruas.

    Quanto aos aviões, é majoritária a adesão dos sindicatos de técnicos e pilotos; e as empresas como Aerolíneas Argentinas e Latam já anunciaram o cancelamento de seus voos domésticos, sugerindo aos clientes que reprogramem suas viagens.

    Nos hospitais públicos do país, devem funcionar os serviços mínimos para emergências; não haverá aulas nas escolas nem atividade nos portos, e os bancos ficarão com as portas fechadas durante todo o dia.

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    Os serviços de coleta de lixo e postos de combustível também serão afetados pela paralisação. Comerciantes, caminhoneiros e funcionários do Judiciário argentino também aderiram à greve.

    Na segunda-feira, a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) iniciou a paralisação de 36 horas com uma grande mobilização na Plaza de Mayo, em Buenos Aires. Centrais sindicais, organizações sociais e forças opositoras de centro-esquerda teceram fortes críticas a Macri e advertiram que vão aprofundar os protestos contra o plano de ajuste fiscal do governo.

    Sob o slogan “Pare o ajuste”, dezenas de milhares de pessoas marcharam de diferentes pontos da cidade até a praça em frente à sede do governo.

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    “Estamos passando por demissões em massa em toda a Argentina. Eles estão destruindo o pouco que nos resta da indústria e estão batendo consistentemente no poder de compra do povo argentino”, disse o secretário-geral da Confederação de Trabalhadores Autônomos da Argentina (CTA-A), Pablo Micheli. “Aqui devemos unir forças, devemos fazer todos os protestos necessários para que esse modelo econômico caia”, afirmou.

    Os movimentos pediam ao governo para declarar emergência alimentar e o aumento de 100% de gastos públicos com a assistência social.

    “Mauricio Macri deixou de governar a Argentina, cada medida que toma precisa consultar com o FMI”, afirmou Joaquín Noya, um dos manifestantes que seguiram até a Casa Rosada, sede da presidência.

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    A taxa de desemprego segue em alta, com 9,6% no segundo semestre, e o índice de pobreza que será anunciado nesta semana deve interromper a tendência de queda: ao fim de 2017, era de 25%.

    As greves anteriores de 24 horas promovidas contra o atual governo por parte da CGT aconteceram em abril e dezembro de 2017 e no fim do último mês de junho.

    O presidente argentino reiterou que este não é “um momento oportuno” para fazer uma nova greve, que, segundo as estimativas, terá um custo econômico de aproximadamente 31,6 bilhões de pesos argentinos (847,16 milhões de dólares), equivalente a 0,2% do produto interno bruto (PIB).

    Crise econômica

    Macri aproveitou a viagem aos Estados Unidos para assegurar aos mercados que conseguirá renegociar o acordo com o FMI, fechado em junho, e para garantir que não há risco de o país decretar moratória da dívida externa, como em 2001.

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    O FMI e o governo de Macri acordaram, em junho, um programa de ajuda de 50 bilhões de dólares em três anos, dos quais 15 bilhões já foram repassados. O apoio da instituição financeira ao governo argentino foi bem recebido pelos mercados, mas não impediu o ataque especulativo contra a moeda argentina, o peso, que acumula desvalorização de mais de 50% neste ano.

    A ampliação do crédito original pelo FMI tenderá a vir acompanhada por contrapartidas na área fiscal. Macri já está em negociação com o Congresso de seu plano de déficit primário zero em 2019 e prepara um projeto para a limitação da expansão dos gastos públicos. O FMI deverá exigir mais, além de impor o modelo que lhe pareça mais adequado para a Argentina.

    O ministro da Economia argentino, Nicolas Dujovne, prometeu zerar o déficit público no próximo ano em troca da antecipação dos desembolsos previstos para 2020 e 2021. O pedido de renegociação foi feito depois de a Argentina sofrer uma segunda corrida cambial em agosto, que o governo atribuiu à desconfiança dos mercados em sua capacidade de honrar seus compromissos em 2019.

    O governo depende do Congresso, onde não tem maioria, para aprovar o orçamento de 2019, que prevê cortes nos gastos públicos – justamente em ano de eleição presidencial.

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    Macri disse que é candidato a um segundo mandato e que não mudará o rumo da política econômica, apesar de estar pagando um alto preço político.

    O governo argentino atribuiu a crise a fatores que escapam do seu controle, entre eles, a pior seca em cinquenta anos e a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mas, segundo Macri, o pior já passou e a economia deve voltar a crescer no segundo semestre.

    (Com Agência Brasil, EFE, AFP e Estadão Conteúdo)

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