A Justiça da Argentina encontrou no celular de Fernando Andrés Sabag Montiel, brasileiro preso após tentar atirar contra a vice-presidente Cristina Kirchner, fotos que o incriminam ainda mais nesta terça-feira, 6, de acordo com o jornal Clarín.
As imagens, obtidas com exclusividade pelo jornal argentino, mostram que o ataque pode ter sido planejado há meses e também incriminam a namorada de Fernando, Brenda Uliarte, presa no último domingo, 4.
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Os registros foram extraídos do cartão SIM e é possível ver o acusado e sua parceira posando com uma arma semelhante à utilizada no ataque e, de acordo com os investigadores, eles foram feitos há mais de um ano.
Em outras fotografias, Uliarte aparece posando com a pistola na cintura, o que contradiz sua fala de que não sabia que Sabag tinha a arma nem as cem balas encontradas na madrugada da última sexta-feira, 3. Ainda de acordo com o Clarín, as fotos foram feitas em 8 de maio, o que desmente mais uma afirmação da mulher, que disse conhecer o acusado há apenas dois meses.
Além das fotografias, os investigadores descobriram também que Uliarte passou na porta da casa da vice-presidente dias antes do atentado, o que indica que o crime pode ter sido premeditado e planejado. A juíza responsável pelo caso, María Eugenia Capuchetti, acredita ainda que outras pessoas possam ter participado do plano, embora não acredite se tratar de uma grande organização.
É esperado que Uliarte deponha ainda nesta terça, depois de câmeras próximas à residência da vice-presidente flagrarem ela perto do namorado no momento da tentativa de ataque. Além dela, um amigo de Sabag, identificado como Mario, também foi chamado para depor depois de dizer em uma emissora de televisão que “a intenção de seu amigo era matá-la, mas infelizmente ele não ensaiou antes”.
🔴 EXCLUSIVO | Las fotos que para la Justicia confirman que Sabag Montiel y su novia planearon un atentado contra Cristina Kirchner.
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— Clarín (@clarincom) September 6, 2022
Na noite da última quinta-feira, 1, Sabag Montiel foi preso após ter apontado uma arma e supostamente tentado atirar contra Cristina Kirchner. Em imagens veiculadas pela mídia local é possível ver a vice-presidente deixando o carro ao chegar em casa, no bairro da Recoleta, e logo abaixando a cabeça quando alguém com que parece ser uma pistola se aproxima dela. Em seguida, agentes encurralam o homem.
Segundo autoridades locais, o acusado nasceu no Brasil e tem família em São Paulo, mas mora há anos na Argentina. De acordo com registros comerciais consultados pelo Clarín, ele está inscrito como dedicado ao “serviço de transporte automotor urbano”, categoria que corresponde a motoristas de aplicativo.
Logo após a tentativa de ataque, o ministro da Segurança, Aníbal Fernández, afirmou que o brasileiro já havia sido detido no ano passado portando uma faca no bairro de La Paternal, onde mora.
Na ocasião, em 17 de março, Fernando foi abordado pela polícia por estar em um carro estacionado sem a placa traseira. Ele disse aos agentes que era o proprietário do veículo e que a placa havia caído durante uma batida de trânsito poucos dias antes.
Quando abriu a porta do motorista, uma faca com cerca de 35 centímetros, que ele disse levar consigo para se defender, caiu do veículo. Foi então liberado pela polícia pouco depois.
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Alguns dias antes do episódio com a faca, em 2021, Fernando Andrés tentou ficar com um carro da sua mãe, a argentina Viviana Beatriz Sabag, que morreu vítima de síndrome respiratória em 2017. Ele apresentou uma certidão de nascimento expedida no estado de São Paulo para tentar provar sua reivindicação como único herdeiro.
O documento exibido pelo canal argentino Todo Noticias traz mais informações sobre a naturalidade do homem. Ele nasceu no dia 13 de janeiro de 1987, filho do chileno Fernando Ernesto Montiel Araya com a argentina Viviana Beatriz Sabag.
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Montiel pai foi alvo de um inquérito para expulsão do Brasil em 2020. O processo aconteceu em razão da “existência de sentença penal condenatória proferida pela Justiça Pública em seu desfavor”, segundo a Polícia Federal do Brasil.