Joe Biden, o adversário de Donald Trump para as eleições presidenciais marcadas para novembro nos Estados Unidos, prometeu escolher uma mulher como sua candidata a vice. Com o crescimento dos protestos contra o racismo e a violência policial em todo o país, se multiplicam pedidos para que o democrata anuncie uma representante da comunidade afro-americana como sua companheira de chapa.
Ter uma mulher negra ao seu lado pode ser a chave para Biden consolidar o apoio dos afro-americanos, um grupo eleitoral de extrema importância nas eleições. O ex-vice-presidente da era de Barack Obama já conta com boas taxas de aprovação entre a comunidade, mas pode fortalecer ainda mais sua candidatura ao demonstrar seu total apoio à causa durante a maior onda de protestos nos Estados Unidos do século 21.
ASSINE VEJA
Clique e AssineAs manifestações, motivadas pela morte de George Floyd por um policial branco em Minnesota, já completam mais de três semanas. As principais bandeiras levantadas durante os atos são pelo fim da violência policial contra negros, justiça em casos de abuso e o fim do racismo estrutural.
“Candidatos a vice-presidente normalmente são escolhidos para balancear a campanha, ou seja, podem compensar uma fraqueza do candidato”, afirma o cientista político Peverill Squire, da Universidade de Missouri. “Por isso, normalmente vêm de uma parte diferente do país do que o candidato ou de uma facção distinta do partido”.
A escolha de Biden por uma afro-americana deve ampliar o destaque recebido pela campanha na imprensa, além de ser de grande importância para a história americana. Além disso, o democrata pode atrair eleitores que não compareceram às urnas para apoiar Hillary Clinton em 2016.
“Ele pode mobilizar um grande número de eleitores, criando um impacto político maior do que qualquer outro candidato a vice foi capaz”, avalia Squire.
Em meio a muitas especulações sobre a escolha, uma favorita está despontando: a senadora pela Califórnia e ex-pré-candidata à Casa Branca, Kamala Harris. Entretanto, outros nomes correm por fora, como o da senadora por Massachusetts e também ex-concorrente de Biden pela indicação do Partido Democrata, Elizabeth Warren. Confira o perfil das principais candidatas.
Kamala Harris
Ex-pré-candidata à Casa Branca, a política de ascendência jamaicana e indiana desistiu de sua campanha em dezembro, após não conseguir se destacar entre os candidatos democratas. Harris, contudo, se destaca como a mais proeminente afro-americana no Senado e representa um estado muito importante para a corrida, a Califórnia. A senadora de 55 anos ainda tem sido uma das mais fortes vozes a apoiar os protestos contra a morte de Floyd e advoga por uma reforma nas leis de segurança pública do país.
Keisha Lance Bottoms
A prefeita de Atlanta de 50 anos também aparece bem na disputa. Bottoms impressionou pela forma responsável com que lidou com a morte a tiros de um jovem negro por um policial branco no estacionamento de um restaurante na cidade. Além disso, foi uma das primeiras democratas a apoiar a candidatura de Biden.
Elizabeth Warren
A senadora era apontada como favorita para o cargo logo após a confirmação de Joe Biden como candidato democrata, porém os acontecimentos das últimas semanas a colocaram em desvantagem. Warren, que se manteve como uma das favoritas na corrida pela pré-candidatura à Presidência em 2019, viu sua popularidade cair no início do ano e desistiu da aposta. Apesar da constante troca de farpas com Biden durante os debates, a democrata decidiu apoiar o ex-vice-presidente em sua campanha contra Trump.
Val Demings
Deputada pela Flórida, a política confirmou que estava sendo sondada pela equipe de Biden. Demings é ex-xerife de Orlando e sua defesa firme da necessidade de uma reforma na polícia ganhou espaço nas últimas semanas.
Susan Rice
Ex-assessora de Segurança Nacional da Casa Branca e ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, a diplomata é vista como uma das mais experientes na mira de Biden. Porém, a associação de Rice com alguns escândalos da polícia americana podem ser motivos para descartá-la da lista. Quando trabalhava na ONU, a política foi acusada de tentar encobrir um ataque terrorista contra a embaixada americana em Bengasi, na Líbia, por ter descartado a possibilidade de envolvimento de militantes islâmicos em sua primeira entrevista sobre o caso.
Stacey Abrams
Apesar de ter admitido na semana passada não estar em contato com a campanha do candidato democrata, o nome da ex-deputada aparece com frequência como bem cotado para a vaga. Abrams foi líder do Partido Democrata na Assembleia Geral da Geórgia entre 2011 e 2017, e concorreu ao governo do estado em 2018.
Michelle Lujan Grisham
Devido à dinâmica atual no Partido Democrata, se Biden não optar por uma mulher negra, faz sentido ele escolher uma latina – e Lujan Grisham, sem dúvida, se destaca . A governadora do Novo México já participou de eventos de arrecadação ao lado do ex-vice-presidente e constantemente elogia suas condutas.