Ao menos 39 pessoas morreram e outras 90 ficaram feridas nesta sexta-feira, 8, após um ataque contra uma estação de trem Kramatorsk, no leste da Ucrânia, onde centenas de civis esperavam para deixar a região, de acordo com autoridades ucranianas. A Rússia nega a autoria do ataque.
“Milhares de pessoas estavam na estação durante o ataque com mísseis, pois os moradores da região de Donetsk estão sendo removidos para regiões mais seguras da Ucrânia”, disse o governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, em comunicado.
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De acordo com o chefe da ferrovia ucraniana, ao menos duas crianças estão entre os mortos. O prefeito de Kramatorsk, Oleksander Honcharenko, disse que cerca de 4 mil pessoas estavam na estação no momento do ataque.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, responsabilizou a Rússia pelo ataque, que classificou como “maldade sem limites”.
“Como eles não têm força nem valor para nos enfrentar no campo de batalha, destroem cinicamente a população civil. É uma maldade sem limites. Se não os castigam, jamais vão parar”, afirmou.
A ação também foi condenada pelo chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.
Horrifying to see Russia strike one of the main stations used by civilians evacuating the region where Russia is stepping up its attack.
Action is needed: more sanctions on Russia and more weapons to #Ukraine are under way from the EU. 5th package of EU sanctions just approved.
— Charles Michel (@eucopresident) April 8, 2022
“Condeno com firmeza o ataque cego desta manhã contra a estação de trem. Trata-se de uma nova tentativa de fechar as saídas para aqueles que fogem desta guerra injustificada e de causar sofrimento humano”, disse em sua conta oficial no Twitter.
A repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou qualquer envolvimento do Exército russo e afirmou que não havia missões programadas nesta sexta-feira em Kramatorsk. Através da agência de notícias estatal RIA, o Ministério da Defesa russo alegou que o míssil usado seria um tipo possuído apenas pelo Exército ucraniano, e similar ao que atingiu o centro da cidade de Donetsk em 14 de março.
Na quinta-feira, citando violações graves, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou pela suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
O pedido foi feito após a Procuradoria-Geral da Ucrânia anunciar no domingo que 410 corpos foram encontrados em valas comuns e nas ruas da cidade e, segundo o governo ucraniano e de acordo com imagens difundidas por veículos internacionais, os corpos apresentavam sinais de terem sido sumariamente executados. As vítimas estariam trajando roupas civis e muitas estavam com as mãos atadas.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh), que está revisando vídeos e materiais recebidos sobre a situação na cidade, declarou que análises preliminares “parecem sugerir” um assassinato de civis de forma deliberada, de acordo com a porta-voz Liz Throssell.
Segundo Throssell, as imagens em que corpos aparecem com as mãos amarradas ou queimadas poderiam indicar que os agressores visavam deliberadamente essas vítimas, o que poderia elevar a gravidade dessas violações aos direitos humanos cometidas durante a invasão à Ucrânia, se os fatos forem confirmados.
“Na semana passada, a Alta Comissária Michelle Bachelet já falou de possíveis crimes de guerra no contexto de bombardeios a infraestruturas civis, mas isso aparenta ser um assassinato direito de civis”, disse a porta-voz, que admitiu haver a necessidade de comprovar as imagens. “Em incidentes específicos, são necessárias análises forenses, monitoramento e coleta de informações, para determinar quem fez o quê.”