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Ataque ao Catar cria tensão entre Israel e EUA, com potencial prejuízo para Trump no Golfo

Rica nação árabe abriga a maior base americana no Oriente Médio, lar de 10.000 soldados. Ofensiva israelense reduz a credibilidade de Washington na região

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 set 2025, 17h48 - Publicado em 9 set 2025, 14h02

Em uma ação sem precedentes, Israel lançou o primeiro ataque já registrado contra o território soberano de um país do Golfo Pérsico ao bombardear Doha, capital do Catar, nesta terça-feira, 9. Segundo o Exército israelense, foi uma operação para assassinar membros da alta cúpula do Hamas, que se reuniam na cidade para discutir uma proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada pelos Estados Unidos. A ação deve elevar a tensão entre Tel Aviv e Washington tanto por colocar em xeque a paz que Donald Trump projeta, à sua imagem e semelhança, para o Oriente Médio, bem como por visar um parceiro do governo americano na turma dos ricos petroestados árabes.

Autoridades do Hamas mantêm presença na capital catari desde 2011, quando a Casa Branca de Barack Obama solicitou que o governo local estabelecesse um canal secreto com o grupo. De acordo com informações da agência de notícias Reuters e da emissora Al Jazeera, nenhum dos membros do Hamas foi morto na operação desta terça, que mirou a delegação de negociadores liderada por Khalil Al-Hayya.

Credibilidade dos EUA na região

O Catar é considerado um dos mais importantes aliados de Washington fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O país abriga a maior base militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, com pelo menos 10 mil soldados. Em junho, a base de Al-Udeid foi alvo de ataques iranianos simbólicos em retaliação aos disparos do Exército americano contra suas instalações nucleares, em ação coordenada com Israel.

Um diplomata disse ao jornal americano The Washington Post que os militares americanos em Doha não receberam aviso prévio sobre o ataque. O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou que a operação foi “totalmente independente” e seu país assume “total responsabilidade”. Mas autoridades israelenses declararam ao jornal Jerusalem Post que os Estados Unidos haviam sido informados da ofensiva — e que Trump teria dado sua “bênção”.

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Se isso for verdade, analistas avaliam que a credibilidade americana na região sofrerá um enorme golpe. Mesmo que acabe por ser um jogo combinado com Doha, dado o impasse nas negociações sobre a guerra em Gaza, ficará muito difícil para Trump fazer avançar seu plano de normalizar as relações do Estado judeu com seus vizinhos quando as bombas israelenses se espalham pela região.

“Qual o valor de ter proteção americana por meio da presença de uma base militar se os Estados Unidos autorizam outro país a atacar você?”, afirmou Trita Parsi, vice-presidente executivo do Quincy Institute. “Os Estados Unidos não demonstram disposição para coibir o único país que realmente constitui uma ameaça” aos Estados do Golfo, acrescentou o pesquisador, em referência a Israel.

Líderes de todo o mundo árabe agiram rapidamente para condenar as ações israelenses, que causaram comoção em toda a região. “Atacar países que estão mediando o conflito representa uma nova forma de escalada”, argumentou Dareen Khalifa, do centro de pesquisas International Crisis Group.

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Negociações de cessar-fogo

Tudo indica que o ataque desta terça deve prejudicar as negociações que visam garantir um cessar-fogo em Gaza. No momento do ataque, autoridades políticas do grupo terrorista palestino estavam se reunindo para discutir uma proposta de trégua, apresentada pelo próprio Trump no último domingo — com um alerta de que esta seria “última chance” da organização para fechar um acordo. Ao condenar a ofensiva, a o Ministério das Relações Exteriores da Turquia destacou: “O ataque à delegação de negociação do Hamas enquanto as tratativas de cessar-fogo continuam demonstra que Israel não visa alcançar a paz, mas sim continuar a guerra”.

O Hamas, que havia aceitado um plano de cessar-fogo anterior feito pelo Egito e Catar, já havia comunicado estar estudando a nova proposta dos Estados Unidos. De acordo com a Reuters, a mais recente proposta exige que o Hamas devolva a Israel todos os 48 reféns, vivos e mortos, de uma só vez no primeiro dia de um cessar-fogo. Durante a pausa nas hostilidades, seriam realizadas negociações para encerrar a guerra. O ataque agora colocou em risco o plano de seu fiador, Trump, para a paz regional — se ele deu OK para o bombardeio diante do impasse nas negociações, foi uma manobra arriscadíssima.

Einav Zangauker, cujo filho Matan está detido pelo Hamas em Gaza, afirmou no X que o ataque em Doha “selou o destino dele” e criticou o governo de Israel por “destruir todas as chances de um acordo”. “Pode ser que neste exato momento o primeiro-ministro tenha assassinado meu Matan”, escreveu ela na postagem.

Desde que o Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023, as forças israelenses têm atacado líderes e aliados do grupo em todo o Oriente Médio, lançando ataques aéreos em Gaza, Líbano, Síria, Iêmen, Irã e, agora, no Catar. Em julho de 2024, Israel assassinou Ismail Haniyeh, então principal negociador do Hamas, enquanto ele visitava o Irã para um funeral de Estado.

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