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Ataque de Israel em Jenin provoca fuga em massa de campo de refugiados

Vice-governador diz que cerca de 3 mil palestinos deixaram a área na Cisjordânia e serão alojados em escolas e abrigos; estados árabes condenam incursão

Por Da Redação
4 jul 2023, 08h33

Kamal Abu al-Roub, vice-governador de Jenin, na Cisjordânia, disse nesta terça-feira, 4, que pelo menos 3 mil palestinos tiveram que fugir do campo de refugiados da cidade, depois que Israel iniciou a maior operação militar na região em duas décadas.

“Há cerca de 3.000 pessoas que deixaram o campo até agora”, disse Roub à agência de notícias AFP, acrescentando que autoridades estão tecendo arranjos para abrigá-los em escolas e outros abrigos na cidade de Jenin.

O número foi confirmado pelo serviço de resgate do Crescente Vermelho Palestino, que disse esperar que o êxodo aumente. Israel já sugeriu que a “Operação Casa e Jardim”, como é conhecida a incursão com início na segunda-feira 3, pode durar vários dias.

A UNRWA, a agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, disse que os residentes do campo precisam de suprimentos básicos, como comida, água potável e leite em pó.

De acordo com o Ministério da Saúde palestino, pelo menos 10 pessoas foram mortas e 100 feridas, 20 delas gravemente, desde que Israel iniciou uma onda de ataques com drones e enviou entre 1 mil e 2 mil soldados para Jenin, apoiados por blindados e atiradores nos telhados.

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As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que o alvo da operação era um importante centro de comando de militantes palestinos.

O campo de Jenin foi criado na década de 1950, para abrigar refugiados que fugiram de suas casas em 1948, após a criação do Estado de Israel. A área, atormentada pela pobreza, é considerada pelos palestinos como um centro de resistência armada, enquanto os israelenses a veem como um antro de terrorismo.

Segundo Roub, o vice-governador, cerca de 18 mil palestinos vivem no campo lotado, mas o número exato não é conhecido. A UNRWA estima a população em 14 mil, enquanto dados oficiais da Autoridade Palestina, de 2020, dizem que o local abriga cerca de 12 mil pessoas.

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Centenas de combatentes armados de grupos militantes, incluindo o Hamas, a Jihad Islâmica e o Fatah, têm bases lá. A semi-autônoma Autoridade Palestina – vista por muitos palestinos como um braço da segurança israelense – quase não tem presença na área.

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As Brigadas Jenin, uma unidade composta por diferentes facções, foram responsabilizadas por vários ataques terroristas contra cidadãos israelenses nos últimos 18 meses. Nesse período, Israel e Cisjordânia viram os piores derramamentos de sangue desde o fim da segunda intifada, ou levante palestino, em 2005.

A Operação Casa e Jardim foi comparada às táticas militares israelenses empregadas durante a guerra e ocorre em um momento de pressão política da população de Israel por uma resposta dura aos recentes ataques contra colonos judeus, incluindo um ataque a tiros no mês passado que matou quatro pessoas.

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A operação em Jenin elevou o número de palestinos mortos na Cisjordânia neste ano para 133. Um total de 24 israelenses foram mortos, enquanto uma operação surpresa das FDI na Faixa de Gaza matou outros 34 palestinos e um israelense.

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Os palestinos e três países árabes com relações normalizadas com Israel – Jordânia, Egito e Emirados Árabes Unidos – condenaram a incursão, assim como a Organização de Cooperação Islâmica, de 57 nações.

A Casa Branca disse que defende o direito de Israel à segurança e está monitorando de perto a situação na Cisjordânia, enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, pediu aos militares israelenses que exerçam moderação.

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“Embora apoiemos o direito de autodefesa de Israel, a proteção dos civis deve ser priorizada”, disse um porta-voz de Sunak.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu a incursão, dizendo que nos últimos meses Jenin se transformou em um “porto seguro para o terrorismo”. Ele afirmou que estava colocando um fim nisso com “danos mínimos aos civis”.

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