Um tribunal da Rússia condenou nesta terça-feira, 27, o principal ativista russo dos direitos humanos, Oleg Orlov, a dois anos e meio de prisão por “desacreditar as Forças Armadas”. O líder do grupo Memorial, vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2020, é crítico vocal à guerra na Ucrânia e ao presidente Vladimir Putin.
Orlov, de 70 anos, foi acusado criminalmente depois de participar de manifestações contra a guerra e escrever um artigo intitulado “Eles queriam fascismo. Eles conseguiram”. Enquanto era levado algemado para fora do tribunal, depois do veredito, disse: “a decisão mostra que meu artigo era certeiro e verdadeiro”.
A lei sob a qual ele foi acusado foi aprovada pouco depois do início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2020, que prevê prisão para considerados culpados de espalhar informações falsas sobre as Forças Armadas ou desacreditar as tropas.
A promotoria, por sua vez, disse que Orlov demonstrou “ódio político pela Rússia”. Nas suas observações finais do julgamento na segunda-feira, ele lamentou o “estrangulamento da liberdade” no país, ao qual se referiu como uma “distopia”.
O grupo de direitos humanos Memorial, fundado em 1989, defendeu a liberdade de expressão e documentou abusos dos direitos humanos desde a época do líder soviético Josef Stalin. Depois de ser designado como “agente estrangeiro”, foi banido e dissolvido na Rússia em 2021. O grupo ganhou o Nobel da Paz junto com um grupo de direitos humanos ucraniano e um ativista de Belarus.
Em comunicado, o grupo afirmou que a sentença é “uma tentativa de abafar a voz do movimento de direitos humanos na Rússia e qualquer crítica ao Estado”.