Milhares de defensores do direito ao aborto se reuniram em protestos pelos Estados Unidos neste sábado, 14, dando início ao que organizadores chamaram de “um verão de raiva” se a Suprema Corte do país anular a norma que legalizou a interrupção de gravidez, conhecida como Roe vs. Wade.
Grupos favoráveis ao direito ao aborto, como a Planned Parenthood e Women’s March, organizaram mais de 400 marchas em todo o país, segundo compilação feita pela agência de notícias Reuters. As maiores manifestações são esperadas em Nova York, Washington, Los Angeles e Chicago.
Na capital, defensores se reuniram no Monumento a Washington, com planos de caminhar até a Suprema Corte. Afirmando que estes serão os “primeiros de muitos protestos coordenados” em torno da possível decisão, organizadores disseram esperar centenas de milhares de pessoas neste sábado.
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As manifestações foram convocadas em resposta ao vazamento em 3 de maio de um documento da Suprema Corte que expôs um plano da Justiça americana de proibir o direito ao aborto nos Estados Unidos, derrubando a decisão Roe vs. Wade, em vigor desde 1973. A decisão garante às mulheres o direito ao aborto até a 28ª semana de gestação, mas o novo projeto seria similar ao do estado do Mississipi, que em 2018 sancionou uma lei que veta a interrupção da gravidez depois de 15 semanas, incluindo casos de estupro e incesto.
“Seremos ingovernáveis até que este governo comece a trabalhar para nós, até que os ataques a nossos corpos diminuam, até que o direito ao aborto seja codificado em lei”, afirmou Rachel Carmona, presidente da Women’s March, a marcha das mulheres. “Para as mulheres deste país, este será um verão de raiva”.
O aborto está entre uma série de direitos fundamentais que o tribunal americano reconheceu, pelo menos em parte, como liberdades processuais “substantivas”, incluindo a contracepção, em 1965, o casamento inter-racial, em 1967, e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2015.
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Se a Justiça americana derrubar a decisão Roe vs. Wade, o que pode acontecer já em julho, o aborto se tornaria instantaneamente ilegal em 22 estados. Com isso, esses direitos americanos poderiam estar ameaçados, por terem sido reconhecidos pela Suprema Corte “recentemente”.