Ativistas pró-democracia são condenados a 16 meses de prisão em Hong Kong
Líderes da Revolução dos Guarda-Chuvas já tinham sido condenados no início do mês; juiz condenou a falta de um pedido de desculpas dos réus
Uma corte de Hong Kong sentenciou um grupo de ativistas pró-democracia a 16 meses de detenção pelo papel deles nos protestos de 2014, que congestionaram o distrito financeiro da ilha por 79 dias. Os ativistas sentenciados nesta quarta-feira, 24, já haviam sido condenados no início do mês por “distúrbio da ordem pública.”
Os réus foram alguns dos organizadores de um dos maiores protestos pró-democracia da história recente de Hong Kong, Revolução dos Guarda-Chuvas, quando milhares de pessoas tomaram as ruas para pedir a independência da ilha da China e a renúncia do líder da região. A série de manifestações ganhou esse nome porque os civis usavam guarda-chuvas como uma forma de proteção contra o sol e o gás de pimenta lançado pela polícia.
Na audiência de sentença, o juiz Johnny Chan enfatizou que nenhum dos indiciados demonstrou arrependimento por suas ações. “Arrependimento não é sinônimo de abandonar suas crenças políticas e suas demandas, mas sim de se arrepender pela inconveniência e sofrimento vividos pela população durante as manifestações”, afirmou o magistrado, segundo o jornal local Hong Kong Free Press.
“É um pedido de desculpas que os cidadãos merecem e que os réus nunca deram.”
O professor de sociologia Chan Kin-man, o professor de direito Benny Tai e o pastor batista Chu Yiu-Ming foram sentenciados a 16 meses de prisão por serem líderes da revolução. De acordo com o americano The New York Times, a sentença de Chu foi suspensa, por causa de sua idade avançada e de seus serviços públicos já prestados.
Outros seis réus, incluindo deputados com o mandato em curso, foram considerados culpados de causar danos públicos. Em reportagem, a Free Press informou que alguns deles ganharam liberdade condicional enquanto um ex-líder estudantil prestará 200 horas de serviços comunitários.
Os guarda-chuvas
Os protestos da Revolução dos Guarda-Chuvas começaram em reação a uma decisão do governo chinês, em 2014, de permitir eleições diretas em Hong Kong em 2017 desde que os candidatos fizessem parte de uma lista pré-aprovada por Pequim.
O status da região é uma questão diplomática sensível para autoridades da China, que se esforçam para afastar pedidos de maior independência administrativa.
Ex-colônia britânica, Hong Kong foi devolvida aos chineses em 1997 sob a condição de que teria “um alto grau de autonomia, com exceção para as questões de defesa e relações exteriores.” No mesmo ano, os três ativistas condenados convocaram os atos de desobediência, apoiados pelos estudantes, que acabaram em grandes manifestações.
Milhares de pessoas acamparam nas ruas de Hong Kong exigindo o direito de controlar completamente a eleição de seu líder. Os revoltosos acusavam o governo chinês de quebrar sua promessa de permitir uma democracia completa na região. A reivindicação foi perdendo força até 2016, quando Hong Kong foi controlada pelas autoridades centrais. Os principais organizadores do movimento foram detidos e processados pelo Estado.