Ativistas processam Catedral de Notre-Dame por traduções apenas em inglês
Associação já venceu ação legal contra Torre Eiffel por motivos similares com base em lei de 1994
Um grupo de ativistas moveu uma ação legal na segunda-feira, 20, contra a Catedral de Notre-Dame por traduções em placas feitas somente para o inglês, e não para outras línguas. O caso foi enviado a um tribunal de Paris no dia do francófono, de acordo com um porta-voz do grupo Défense de la langue française (Defesa da língua francesa, em português).
As alegações da associação indicam que a sinalização em Notre-Dame e outros edifícios públicos violam uma lei de 1994 que exige uso do francês em publicações oficiais do governo, na publicidade, nos locais de trabalho, contratos comerciais e em todas as escolas públicas, assim como a tradução para mais duas línguas.
“Não especifica quais são os dois idiomas, mas os legisladores que criaram a legislação não queriam que o inglês superasse o francês”, disse Marceau Déchamps, membro do grupo.
+ As polêmicas em torno da reconstrução da Catedral de Notre-Dame
O processo acrescenta, ainda, que os painéis que explicam as obras de reparação da Notre-Dame estão apenas em inglês e francês. Com mais de 800 anos, a Catedral foi devastada por um grande incêndio em 2019. Jean-Louis Georgelin, que foi nomeado pelo Ministério da Cultura para supervisionar o trabalho de reparo no local, é citado no documento.
Não é a primeira vez que o grupo processa o Estado francês pela ausência de traduções para mais de uma língua. Em novembro do ano passado, os ativistas venceram uma ação legal que obrigou a adição de placas em espanhol na Torre Eiffel, principal ponto turístico de Paris.
A associação conta com ações em curso contra autoridades de Bouches du Rhône, a Universidade Sorbonne, a escola de engenharia EPF e o aeroporto Charles de Gaulle por questões que envolvem o uso exclusivo do inglês ou a ausência de tradução para mais de um idioma.
A Academia Francesa, forte defensora da língua francesa desde 1634, é conhecida pelas campanhas contra a infiltração do anglicismo. Na última edição de recomendações “Dire-ne pas dire” (não diga e diga, em tradução livre), condena o uso de palavras como “wishlist” (lista de desejos) e “millénial”.