O terrorista de extrema-direta Brenton Tarrant, de 29 anos, planejava um terceiro ataque após ter assassinado 51 pessoas em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, em março de 2019. A informação foi confirmada pela Promotoria neozelandesa que investiga o caso durante sessão do julgamento que decidirá o destino de Tarrant nesta segunda-feira, 24.
Tarrant ficou frente a frente com os sobreviventes e as famílias das vítimas do massacre pela primeira vez nesta segunda. O julgamento está chegando ao fim. Até quinta-feira, 27, o juiz Cameron Mander irá declarar a sentença do australiano, que pode ser a primeira pessoa a ser condenada à prisão perpétua no país. Ele é acusado de 51 assassinatos e da tentativa de assassinato de outras 40 pessoas.
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Clique e AssineTarrant “queria matar mais pessoas”, disse perante o tribunal o promotor Barnaby Hawkes. A acusação disse ainda como o australiano matou de forma metódica mulheres, crianças e homens, gravando o massacre e transmitindo ao vivo nas redes sociais.
Hawkes afirmou ainda que Tarrant ignorou os pedidos de clemência de algumas vítimas. Quando o terrorista viu um menino de três anos agarrado à perna do pai, ele o executou “com dois tiros disparados com precisão”, declarou Hawes.
O terrorista planejava um terceiro ataque numa mesquita na cidade de Ashburton, a uma hora de distância ao sul de Christchurch. No meio do caminho, foi preso pelas autoridades. Dentro de seu carro foram encontradas latas com gasolina que, segundo a investigação, seriam usadas para incendiar as mesquitas.
Terrant se mudou da Austrália para a Nova Zelândia em 2017, quando começou a planejar os ataques. Por meses, estocou armas e munições e estudou as plantas das mesquitas com drones.
O terrorista “explicou que os ataques foram motivados por convicções ideológicas e que esperava espalhar o medo entre os que chama de ‘invasores’, sobretudo a população muçulmana e todos os imigrantes não europeus”, disse Hawes.
“Seu ódio não é necessário” disse Gamal Fouda, imã da mesquita Al Noor de Christchurch. Fouda relatou o “ódio nos olhos de um terrorista fanático”. “Ainda vejo as imagens e ouço o ratatatatata da arma na minha cabeça”, disse a sobrevivente Abdiaziz Ali Jama, uma refugiada somali de 44 anos, que viu o momento do assassinato de seu cunhado Muse Awale.
Vestido com o uniforme de detento, ao lado de três policiais, Tarrant permaneceu em silêncio e impassível durante a sessão desta segunda, levantando a cabeça algumas vezes para observar o público.
Pouco antes do ataque em 2019, o terrorista publicou um manifesto online no qual expressava seu ódio pelos imigrantes. Rapidamente o texto foi tirado do ar. Desde então as autoridades vem fazendo de tudo para impedir que o extremista ganhe notoriedade.
A Justiça determinou restrições à cobertura da imprensa do julgamento para evitar que o acusado utilize o processo para propagar suas mensagens de ódio. O massacre levou o governo a endurecer as leis sobre as armas e a intensificar a luta contra o extremismo na internet.