O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou nesta sexta-feira, 15, que um ataque israelense matou 20 pessoas que esperavam para receber ajuda humanitária entregue por um caminhão no enclave palestino, que continua sitiado. Tel Aviv negou os relatos como “falsos”.
O que aconteceu
As autoridades de saúde disseram que o ataque ocorreu enquanto uma multidão se reunia para receber suprimentos de um caminhão na rotatória do Kuwait, um ponto de passagem importante usado por veículos humanitários que transportam alimentos para o norte de Gaza. Mais de 150 pessoas ficaram feridas no incidente, segundo o Ministério da Saúde do enclave.
Mohammed Ghurab, diretor dos serviços de emergência de um hospital no norte de Gaza, disse a agências de notícias que houve “tiros diretos das forças de ocupação” contra a multidão. Um jornalista da agência de notícias AFP que estava no local disse ter visto vários corpos e pessoas que foram baleadas.
Além disso, ainda segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o incidente ocorreu horas depois de oito pessoas terem sido mortas em um ataque aéreo contra um centro de distribuição de ajuda humanitária no campo de refugiados al-Nuseirat, no centro do enclave.
O que diz Israel
Em comunicado, os militares de Israel negaram ter atacado pontos de distribuição de ajuda humanitária e descreveram as acusações do Ministério da Saúde de Gaza como “falsas”. No entanto, não ficou claro exatamente a qual dos incidentes o comunicado se refere.
“À medida que as FDI (Forças de Defesa de Israel) avaliam o incidente com o rigor que merece, instamos a mídia a fazer o mesmo e a fiar-se apenas em informações confiáveis”, disse o comunicado.
A agência de notícias AFP reportou nesta sexta-feira que exército israelense acusou “palestinos armados” de abrirem fogo contra civis que aguardavam ajuda humanitária no norte de Gaza.
“Palestinos armados abriram fogo enquanto civis de Gaza aguardavam a chegada do comboio de ajuda”, e depois “continuaram a atirar enquanto a multidão de moradores de Gaza começava a saquear os caminhões”, disse o exército em comunicado.
Não é o primeiro incidente
O conflito de Gaza deslocou a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes do território, provocou uma crise humanitária e tem havido cenas caóticas e incidentes mortais durante a distribuição de ajuda humanitária nas últimas semanas. Agências humanitárias tem procurado variar as rotas dos comboios para evitar multidões e arriscar que os caminhões sejam parados nas ruas.
No final de fevereiro, o Ministério da Saúde de Gaza afirmou que as FDI abriram fogo contra um grupo de palestinos em uma fila de comida, matando ao menos 104 pessoas e ferindo outras 760. O incidente caótico teria ocorrido enquanto os civis se reuniam ao redor de caminhões com suprimentos na Cidade de Gaza. De acordo com depoimento de um militar israelense à emissora americana CNN, as FDI dispararam porque “a multidão se aproximava das forças de uma maneira que representava uma ameaça aos soldados”.
Além disso, nesta semana, durante uma operação de entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza por via aérea, vários palestinos foram atingidos por pacotes de suprimentos lançados de aviões. Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 10 ficaram feridas no campo de Al Shati, próximo à Cidade de Gaza, de acordo com relatos de moradores à emissora americana CNN e à agência de notícias AFP.