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Bangladesh não aceitará jovem britânica que se uniu ao Estado Islâmico

Reino Unido quer revogar a cidadania de Shamima Begum, que vive com o filho recém-nascido em um campo de refugiados na Síria e tende a se tornar apátrida

Por Da Redação
Atualizado em 20 fev 2019, 17h59 - Publicado em 20 fev 2019, 17h23

Com mínimas chances de ser recebida de volta em seu país, a jovem britânica Shamima Begum, que aderiu ao grupo terrorista Estado Islâmico na Síria, sofreu um novo revés ao ter a possibilidade de ser acolhida pelo país de seus pais ser negada pelo governo de Bangladesh.

O ministro de Relações Exteriores do país, Shahrial Alam, alegou não ser Begum cidadã de Bangladesh e que sua entrada na nação asiática está “fora de questão”. “O governo de Bangladesh está muito preocupado com a possibilidade de Begum ser erroneamente identificada como dona de dupla nacionalidade”, declarou Alam ao jornal The Guardian. “Ela é uma cidadã britânica de nascimento e nunca entrou com processo para assumir cidadania daqui”. 

A declaração é um desafio ao ministro do Interior britânico, Sajid Javid, que afirmou ao Parlamento nesta quarta-feira, 20, que não recuará de sua decisão de retirar a cidadania de Begum. Ela e outras duas meninas voaram para a Síria há quatro anos para se casarem com soldados jihadistas. Javid sugeriu que a jovem fosse para Bangladesh, onde seus pais nasceram.

Apesar de insistir que não falaria sobre casos isolados, Javid afirmou que os britânicos que permaneceram com o Estado Islâmico na Síria, “assim como aqueles que escolheram construir famílias em seu autoproclamado califado”, tinham “virado as costas para o país”.

Mas, em uma mostra da complexidade do caso, o ministro indicou que os direitos civis do filho recém-nascido de Begum estão preservados. A criança, que ganhou o nome de Jarrah, nasceu no último sábado 16. Seu pai, o holandês jihadista Yago Riedijk, entregou-se às Forças Democráticas da Síria e está preso.

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Respondendo aos parlamentares sobre o caso, o ministro Javid disse que “as crianças não devem sofrer”. “Então, se um dos pais perde a cidadania isso não afeta os direitos de seu filho”. O governo britânico informou à família de Begum que estava revogando os direitos civis de Shamima em uma carta enviada na terça-feira, 19.

Com essas iniciativas de Londres e de Daca, a jovem de 19 anos tenderá a se tornar mais uma apátrida – pessoa não considerada nacional por nenhum Estado. Ela vive em um campo de refugiados no norte da Síria e pediu ajuda para voltar para casa. Disse que, apesar de sua ascendência, nunca esteve em Bangladesh e não possui um passaporte do país.

Shamima Begum foi informada sobre a carta do ministro Javid por um repórter da rede ITV News. Disse que a decisão do Reino Unido retirar sua cidadania era “difícil de engolir.” “Eu não sei o que dizer. Não estou tão chocada, mas ainda estou um pouco assustada. É um pouco perturbador e frustrante. E eu sinto que é um pouco injusto comigo e com meu filho”, lamentou.

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Ela disse que estuda a possibilidade de pedir ajuda ao governo da Holanda, terra natal de seu marido. A família de Begum está “considerando todas as vias legais” para desafiar a decisão do governo do Reino Unido.

Pelas leis internacionais, o governo não pode revogar a cidadania de Begum se isso for torná-la apátrida, como tende a ocorrer. Javid garantiu que sua ordem segue o protocolo estabelecido e que ela não ficará sem nacionalidade. Ele ainda afirmou que outras 150 pessoas já deixaram de ser britânicas desde 2010, em casos de ligação com o terrorismo e de terem cometido outros crimes hediondos.

A afirmação foi desafiada por Diane Abbott, deputada da oposição trabalhista, que lembrou de duas derrotas do governo em tentativas de revogar a cidadania de britânicos com pais bengaleses. Das 900 pessoas que saíram do Reino Unido para os redutos terroristas na Síria, 20% foram mortos e outros 40% voltaram para o país.

“Eu asseguro que a maioria deles foi considerada de baixo ou nenhum risco à segurança nacional”, rebateu o ministro.

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