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Bannon tentou firmar aliança com o FBI para proteger Donald Trump

Iniciativa de ex-conselheiro da Casa Branca alimenta suspeita de obstrução das investigações sobre a influência Rússia nas eleições de 2016

Por Da Redação
Atualizado em 14 Maio 2019, 18h19 - Publicado em 14 Maio 2019, 14h53

Steve Bannon, ex-estrategista da campanha e conselheiro do presidente Donald Trump, tentou convencer o Departamento Federal de Investigação (FBI) a deixar suas discordâncias com a Casa Branca “de lado”. O caso alimenta as suspeitas de tentativa de obstrução de Trump nas apurações do conluio entre sua campanha eleitoral e a Rússia nas eleições americanas.

A iniciativa de Bannon deu-se durante uma reunião, em 28 de janeiro de 2017, com duas autoridades do FBI. No dia anterior, Trump cobrara detalhes do trabalho de James Comey, chefe do FBI até maio daquele ano, em encontro não divulgado na agenda pública da Casa Branca. O caso dá novas pistas sobre a atuação de funcionários de Trump, incluindo Bannon, conselheiro mais próximo do presidente na época, para garantir uma relação amistosa entre o governo e os órgãos de investigação.

O ex-conselheiro se encontrou com Andrew McCabe, ex-diretor adjunto do FBI, e Bill Priestap, ex-diretor da Divisão de Inteligência do Departamento. McCabe registrou a conversa em uma nota, trazida à tona mais tarde pela equipe do procurador-especial Robert Mueller, de acordo com fontes não identificadas pelo jornal The Guardian.

O jornal britânico levantou dúvidas sobre a ausência da reunião no relatório da investigação de Mueller, discursando sobre a possível obstrução de Justiça do presidente contra os trabalhos do FBI e a interferência russa em sua eleição.

Escândalos

Na época da reunião, Trump e seus assessores mais próximos estavam enfrentando o escândalo envolvendo Michael Flynn, então conselheiro Nacional de Segurança, que mentiu para o FBI sobre suas negociações com o embaixador russo nos Estados Unidos.

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Dois dias antes da conversa, Sally Yates, ex-procuradora-geral, comentou com Don McGahn, outro conselheiro do presidente, sobre as conversas “problemáticas” de Flynn com a embaixada, vazando as informações sobre o falso testemunho do funcionário.

Depois da conversa entre Yates e McGahn, no dia 27 de janeiro, Trump teve um jantar privado com Comey na Casa Branca e pediu lealdade ao diretor do FBI. O relatório de Mueller diz que Bannon queria participar do compromisso, mas foi impedido pelo presidente.

Na recepção em sua residência oficial, Trump brincou com Comey sobre suas declarações controversas contra o governo. “Ele está mais famoso que eu”, disse. Apesar do tom amistoso, os resultados da reunião não pareceram favoráveis ao presidente, que demitiu a procuradora-geral, Yates, apenas três dias depois.

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Bannon confessou ter dito a McCabe e Priestap que já era hora de eles superarem as “diferenças” do passado, por todos “serem parte do mesmo time”, mas não deixou claro quais seriam essas diferenças. Ele defendeu a falta de malícia em suas falas, mas analistas jurídicos consultados pelo Guardian destacam a falta de decoro nas declarações do então conselheiro, especialmente em meio às investigações sobre o governo.

Nenhum dos três homens envolvidos nas 48 horas de encontros continuam em seus antigos cargos. Comey foi demitido por Trump apenas quatro meses depois e McCabe em março de 2018, ocasião em que acusou o governo de tirá-lo do FBI para prejudicar a investigação de Mueller. Priestap se aposentou do Departamento no último mês de dezembro.

Depois de ser demitido por Trump em 2017, Steve Bannon cooperou com o procurador especial sob um acordo de delação, quando uma testemunha pode falar sobre possíveis crimes sem que as evidências sejam usadas contra eles. 

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