O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou que armas nucleares táticas da Rússia vão ser fisicamente implantadas no território do país “em alguns dias”. Lukashenko também disse que tem instalações para receber mísseis de longo alcance, caso necessário.
O líder bielorrusso disse que a implantação nuclear funcionaria como um impedimento contra possíveis agressores. Belarus também já chegou a permitir que a Rússia utilizasse seu território para preparar sua invasão à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
“Isso (a implantação) foi minha demanda. Não foi a Rússia que me impôs. Por quê? Porque ninguém no mundo jamais foi à guerra com uma potência nuclear. E eu não quero que ninguém vá à guerra conosco. Existe tal ameaça? Existe. Devo neutralizar essa ameaça”, disse Lukashenko.
Além disso, Lukashenko também disse que Belarus estava trabalhando para garantir que suas instalações para abrigar armas nucleares russas estratégicas de longo alcance, como o míssil balístico intercontinental Topol, estivessem prontas para uso. Porém, o presidente disse que o país não necessita delas agora e a Rússia afirmou que não iria fornecer esses equipamentos de qualquer maneira.
“Para que preciso de (mísseis) estratégicos como os Topols? Embora agora também estejamos preparando locais para essas armas, eles estão todos vivos e bem, exceto um. Portanto, se precisarmos, podemos a qualquer momento (acomodá-los)”, disse Lukashenko. “O Topol é um míssil intercontinental. Estou planejando entrar em guerra com a América? Não. É por isso que isso (armas nucleares táticas) são suficientes para mim por enquanto”.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse na última sexta-feira, 9, que a Rússia vai continuar mantendo o controle das armas nucleares táticas, mesmo começando a implantar elas em Belarus, que é um aliado próximo. A instalação seria iniciada em 7 e 8 de julho, assim que a estrutura especial de armazenamento para abrigar as armas fosse preparada.
“Está tudo pronto. Acho que teremos o que pedimos em alguns dias, e até um pouco mais”, reafirmou Lukashenko.
Após o fim da União Soviética, em 1991, Belarus, Ucrânia e Cazaquistão abandonaram as armas nucleares. Sob o chamado Memorando de Budapeste, que acompanhou a entrega das armas, Estados Unidos, Reino Unido e a própria Rússia concordaram em respeitar a integridade territorial desses países.
A medida está sendo observada de perto pelos EUA e seus aliados, bem como pela China, que já condenou o uso de armas nucleares na guerra na Ucrânia. Os americanos criticaram a decisão de Putin, mas disseram que não têm intenção de alterar sua própria posição sobre armas nucleares estratégicas e não viram nenhum sinal de que a Rússia iria usar essas armas.
Os três vizinhos ocidentais de Belarus, Letônia, Lituânia e Polônia, fazem parte da Otan, a principal aliança militar ocidental, que está ajudando a Ucrânia a se defender contra a Rússia com armas e inteligência, embora tenha afirmado que não irá enviar tropas para o conflito.