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Bento XVI admite presença em reunião sobre padre acusado de pedofilia

Declaração do papa emérito contradiz afirmações de que não havia participado de encontro na Alemanha

Por Da Redação 24 jan 2022, 09h24
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  • O papa emérito Bento XVI admitiu nesta segunda-feira, 24, ter participado de uma reunião na qual foi discutida a situação do padre Peter Hullerman, acusado de abusar sexualmente de dezenas de menores de idade na Alemanha. Na época do encontro, em 15 de janeiro de 1980, Joseph Ratzinger era arcebispo de Munique e permitiu que Hullerman, cujos crimes já eram de conhecimento da igreja, atuasse no local.

    A declaração contradiz as afirmações do religioso de que não havia participado do encontro. Em comunicado emitido por seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Ganswein, e publicada pela Agência Católica de Notícias, ele culpa um “erro na edição de seu depoimento” anterior.

    O caso veio à tona após a publicação na semana passada de um relatório independente que afirma que o papa emérito encobriu casos de abusos sexuais contra crianças quando era arcebispo em Munique, entre os anos de 1977 e 1982. Segundo os autores da investigação, feita pelo escritório de advocacia alemão WSW a pedido da Igreja Católica, Joseph Ratzinger não teria impedido que um padre abusasse de quatro meninos.

    Em sua investigação mais ampla sobre alegações de abusos na Arquidiocese de Munique entre 1945 e 2019, o escritório de advocacia diz que houve ao menos 497 vítimas, principalmente jovens.

    Em resposta à investigação, o papa enviou um documento com mais de 80 páginas com respostas e detalhes, mas negou ter ciência de qualquer denúncia. No relatório, no entanto, consta a ata de uma reunião em 15 de janeiro de 1980 com informações de que o então cardeal etava presente e definiu a acusação contra o padre como “pouco crível”.

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    Segundo Gaswein, o erro “não foi feito com má intenção”, acrescentando que o papa emérito “lamenta muito e pede desculpa pelo ocorrido”. Segundo ele, Bento VXI também planeja uma nova declaração detalhada sobre a investigação, já que “a revisão completa do relatório de 1.900 páginas precisa de tempo”.

    No início deste mês, um documento interno da Igreja Católica publicado pelo jornal alemão Die Zeit já havia sugerido que o papa emérito teria acobertado casos de abusos contra menores na década de 1980. Bento XVI nega conhecimento dos crimes à época.

    O caso envolve um padre que teria abusado de ao menos 23 meninos com idades entre 8 e 16 anos. Um decreto da arquidiocese de Munique, publicado em 2016 e ao qual o jornal alemão teve acesso, mostra que a instituição criticou o comportamento dos clérigos, incluindo a inação de Ratzinger, diante dos abusos.

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    Bento XVI se tornou em 2013 o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos e vem, desde então, mantendo uma vida privada no Vaticano. Em 2020, um jornal alemão revelou que ele estava em uma situação “extremamente frágil” e sofria com uma doença infecciosa no rosto. 

    Reportagem de VEJA de junho de 2018 revelou que Bento sofre de Parkinson e já sentia os sinais da doença quando renunciou. Segundo o arcebispo George Gänswein, um dos assistentes mais próximos do papa emérito, a rotina de Bento nos últimos anos consiste principalmente em ler e responder as centenas de cartas que recebe de fiéis. Além disso, também passa boa parte de seu tempo orando.

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