O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quarta-feira, 2, que não apoia potenciais ataques de Israel a instalações nucleares do Irã, em meio à escalada de tensões no Oriente Médio. A declaração ocorre um dia após o Irã lançar ao menos 180 mísseis contra o território israelense como retaliação às mortes de lideranças da milícia libanesa Hezbollah e do grupo palestino radical Hamas nas últimas semanas.
O democrata disse a repórteres que todos os países do G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido) apoiam que o governo israelense tenha “o direito de responder” às explosões do Irã, mas desde que “proporcionalmente”. Ele também informou que conversará em breve com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e que a Washington planeja impor novas sanções contra Teerã.
“Obviamente, o Irã está muito longe do caminho”, concluiu o líder americano.
Pouco depois dos comentários de Biden, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, frisou que a Casa Branca continuará “a discutir com Israel qual será o formato de sua resposta”, embora tenha ponderado que Israel toma “suas próprias decisões”.
Além disso, Miller pontuou que os Estados Unidos rejeitam a decisão de Netanyahu de considerar o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata, acrescentando: “Não achamos que essa etapa seja produtiva de forma alguma.”
+ Hamas reivindica autoria de ataque a tiros que deixou 7 mortos em Israel
Ameaças de Netanyahu
O premiê israelense alertou na terça-feira 1º que o Irã “cometeu um grande erro e pagará por isso”, em referência ao ataque com mísseis. Durante encontro de gabinete, Netanyahu afirmou que o rival “não entende” a determinação de seu país em retaliar contra inimigos. “Eles irão entender”, disse. “Nós seguimos a regra: quem nos atacar será atacado.”
Israel lançou os ataques aéreos mais intensos contra o Líbano desde a guerra de 2006, contra o Hezbollah, há duas semanas. Foi o estopim de meses de trocas de disparos, desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro do ano passado, quando a milícia libanesa iniciou ataques em solidariedade ao povo palestino.
Teerã também havia rejeitado apelos de uma série de países ocidentais, em agosto, ao reiterar que não se absteria de atacar Israel como resposta ao assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em território iraniano, um mês antes. O recém-empossado presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que a retaliação era “direito legal” de seu país, além de uma “maneira de impedir crimes”.