Biden e Macron discutem ‘esforços de dissuasão’ para conter Rússia
Conversa aconteceu um dia antes de presidente francês embarcar para Moscou, onde se encontrará com Vladimir Putin
O presidente do Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da França, Emmanuel Macron, debateram neste domingo, 6, a crise na Ucrânia, diante da concentração de efetivos militares da Rússia na fronteira entre os dois países, que levam a um crescente temor sobre invasão ordenada pelo Kremlin.
O telefonema entre os dois chefes de governo, que durou cerca de 40 minutos e faz parte da “lógica de coordenação do Ocidente”, aconteceu um dia antes de Macron embarcar para Moscou, onde se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin. Na sequência, Macron viajará a Kiev, onde irá se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky.
“Os dois líderes discutiram os esforços diplomáticos e de dissuasão em marcha na resposta à contínua escalada militar russa na fronteira com a Ucrânia”, indicou a Casa Branca, por meio de um breve comunicado.
Biden e Macron, além disso, reafirmaram o “respaldo pela soberania e a integridade ucraniana”, segundo o documento.
Por fim, os presidentes de Estados Unidos e França afirmaram que seguirão em contato e continuarão “as consultas com aliados e parceiros”, o que inclui a própria Ucrânia.
O encontro entre Biden e Macron também aconteceu poucos dias depois da chegada dos primeiros militares americanos americanos enviados à Europa para reforçar a presença da Otan, principal aliança militar ocidental. Além dos Estados Unidos, outros países da Aliança também estão se movimentando para um possível ataque pelo leste da Europa. Holanda, Espanha e Dinamarca já começaram a posicionar navios e aeronaves, enquanto o Canadá anunciou que irá estender o seu programa de treinamento na Ucrânia por mais três anos.
Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos e a Otan de tentar empurrar a Rússia para uma guerra, mesmo esperando que os diálogos continuem. Autoridades do governo americano acreditam que Putin ainda não tomou a decisão de invadir, porém esperam que isso possa acontecer nas próximas semanas.
O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma adesão terá consequências graves. A Aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.
Os Estados Unidos ameaçam a Rússia, prometendo uma “forte resposta” caso o exército russo invada a Ucrânia. Moscou, do outro lado, negou planos de invadir o país vizinho, mas há intensa movimentação militar na região.
As avaliações mais recentes da inteligência dos EUA colocam mais de 50 grupos táticos russos enviados dentro e nos arredores da fronteira com a Ucrânia, enquanto a avaliação mais recente do Ministério da Defesa ucraniano diz que a Rússia já enviou mais de 127.000 soldados à região.
Putin afirmou que uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. Segundo ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado.