Biden prepara primeiro aumento de impostos em décadas
Sugerindo aumento a mais ricos e corporações, porta-voz afirmou que presidente acredita que 'os que estão no topo não estão fazendo sua parte'

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja o primeiro grande aumento de impostos federais desde 1993 para ajudar a custear o programa econômico que será lançado pelo governo na sequência do pacote de estímulo fiscal de 1,9 trilhão de dólares, aprovado pelo Congresso e sancionado na semana passada.
Em briefing à imprensa na segunda-feira, 15, a porta-voz Jen Psaki afirmou que a Casa Branca pretende cumprir uma das promessas de campanha do democrata aumentando impostos para os mais ricos e corporações.
Segundo ela, Biden acredita que “os que estão no topo não estão fazendo sua parte” e “obviamente as corporações poderiam estar pagando impostos mais altos”.
Durante sua campanha presidencial, Biden apresentou várias propostas que aumentariam os impostos para os ricos e sobre as empresas, revertendo alguns dos cortes de impostos que o presidente Donald Trump sancionou em 2017.
Segundo análise independente feita pela organização Tax Policy Center dos planos tributários apresentados por Biden durante a campanha, seria possível arrecadar 2,1 trilhões de dólares em uma década. No entanto, é provável que as medidas apresentadas pela Casa Branca sejam bem menos ambiciosas, sobretudo para não rachar a base democrata no Congresso.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, sugeriu no domingo que um aumento de impostos pode estar no horizonte, quando disse que espera que a Casa Branca apresente propostas ao longo do tempo para manter os déficits sob controle.
“(Biden) não propôs um imposto sobre a fortuna, mas propôs que as corporações e indivíduos ricos deveriam pagar mais para atender às necessidades da economia, os gastos que precisamos fazer, e com o tempo, espero que executemos propostas para manter os déficits sob controle “, disse Yellen à rede ABC.
Durante sua campanha à Presidência, Biden propôs aumentar a principal alíquota de imposto federal de 37% para 39,6%, nível pré-Trump. De acordo com seu plano, a alíquota do imposto sobre as empresas aumentaria de 21% para 28%. Ele também estabeleceria um imposto contábil mínimo de 15% e aumentos de impostos sobre os lucros internacionais.
Biden se comprometeu a não aumentar os impostos sobre aqueles que ganham menos de 400.000 dólares por ano, mais de 90% dos contribuintes. Ele também propôs mudar a forma como as contas de poupança para aposentadoria do 401k — plano de aposentadoria privada dos Estados Unidos — são tratadas no código tributário, a fim de dar aos assalariados de baixa renda uma maior redução fiscal antecipada.
Na segunda-feira, Psaki afirmou que Biden compartilha da visão liberal da senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, de que “as famílias de classe média estão pagando mais do que sua cota justa e os que estão no topo não estão fazendo sua parte”.
Junto a Warren, os deputados Pramila Japayal, de Washington, e Brendan Boyle, da Pensilvânia, apresentaram no início desde mês a Lei de Imposto Ultra-Milionário, que cobraria um imposto anual de 2% sobre o patrimônio líquido das famílias e fundos entre 50 milhões e 1 bilhão de dólares, bem como 1% de sobretaxa anual sobre ativos acima de 1 bilhão, para um imposto geral de 3% sobre bilionários.
Warren lançou a ideia de um imposto sobre a fortuna quando estava concorrendo à Presidência em 2020. Yellen disse no domingo, no entanto, que um imposto sobre a fortuna é “algo que ainda não decidimos”.
“O presidente Biden, durante a campanha, propôs uma taxa de imposto mais alta para empresas, pessoas físicas e pagamentos, ganhos de capital e pagamentos de dividendos recebidos, e essas são alternativas abordadas – que são semelhantes em seu impacto a um imposto sobre a fortuna”, Yellen disse à ABC.