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Biden x Trump: como se comparam as crises de documentos secretos nos EUA

Papeladas sigilosas foram encontradas nas propriedades do atual e do ex-presidente dos Estados Unidos

Por Nathalie Hanna
18 jan 2023, 13h04

Após a notícia de que documentos secretos foram descobertos em um antigo escritório privado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e em sua casa em Delaware, a comparação com o caso do ex-presidente Donald Trump é quase imediata.

No ano passado, centenas de registros sigilosos foram apreendidos no resort e residência de Trump, Mar-a-Lago, na Flórida. Na última quinta-feira 12, o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, nomeou um advogado especial para investigar Biden, assim como havia feito com o ex-presidente no ano passado.

O que se sabe sobre os documentos de Biden

Não foi revelado quantos documentos secretos foram encontrados no escritório e na casa de Biden. De acordo com o conselheiro especial do presidente, Richard Sauber, a primeira (e supostamente enxuta) papelada foi descoberta em novembro do ano passado em um armário trancado no Penn Biden Center for Diplomacy and Global Engagement, um think tank onde Biden trabalhava em Washington após deixar o cargo de vice-presidente de Barack Obama. Os papéis foram achados enquanto os advogados pessoais de Biden limpavam o escritório.

Na quinta-feira 12, Sauber destacou que um segundo lote de documentos sigilosos foi encontrado na garagem do presidente em Wilmington, no estado de Delaware. No sábado 14, ele disse que lá havia um total de seis páginas, que foram entregues a funcionários do Departamento de Justiça.

Após a descoberta dos materiais no think thank em novembro passado, os advogados de Biden alertaram, de imediato, o escritório do advogado da Casa Branca, segundo Sauber. A Administração Nacional de Arquivos e Registros (NARA) foi notificada e assumiu a custódia dos documentos no dia seguinte do ocorrido.

“Desde essa descoberta, os advogados pessoais do presidente têm cooperado com a NARA e o Departamento de Justiça para garantir que todos os registros do governo Obama-Biden estejam adequadamente na posse do governo”, disse Sauber em um comunicado.

Durante uma coletiva na Casa Branca na última quinta-feira, Biden disse a repórteres que a busca por mais documentos foi concluída na noite de quarta-feira 11. Advogados pessoais do presidente examinaram outros locais para onde os registros podem ter sido enviados depois que ele deixou a vice-presidência em 2017.

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Apesar da descoberta de materiais secretos, não há indicação de que o próprio Biden sabia da existência dos registros antes de serem revelados. A administração também disse que os registros foram entregues rapidamente, sem qualquer intenção de ocultá-los.

Isso é importante porque o Departamento de Justiça sempre procura por “intenção de lidar mal” com segredos do governo ao decidir se deve apresentar acusações criminais. Mas, mesmo se houver um processo, o presidente está imune durante o mandato.

Biden disse também que está “cooperando total e completamente” com uma investigação do Departamento de Justiça sobre como informações classificadas e registros do governo foram armazenados. Como vice-presidente, Biden teria o poder de tirar o sigilo de alguns documentos, embora não tenha dito que o fez com os encontrados em seu escritórios ou em sua casa.

A descoberta dos documentos de Biden pode intensificar o ceticismo entre os republicanos que afirmam investigações contra o ex-presidente Trump têm motivação política. Também há possíveis ramificações em um novo Congresso controlado pelo Partido Republicano, onde os deputados prometem abrir investigações amplas sobre o governo de Biden.

O principal republicano no Comitê de Inteligência da Câmara, o deputado de Ohio, Mike Turner, solicitou que as agências de inteligência conduzam uma “avaliação de danos” de documentos secretos.

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O caso de Trump

Desde que Donald Trump deixou o cargo em janeiro de 2021, cerca de 300 documentos secretos – incluindo alguns no nível ultrassecreto – foram encontrados em sua propriedade privada, quase um ano depois que ele deixou o cargo.

Em janeiro do ano passado, a NARA recuperou 15 caixas de documentos. Em agosto, agentes do FBI levaram mais 33 caixas e contêineres de 11 mil documentos de Mar-a-Lago. A busca ocorreu depois que os advogados de Trump forneceram uma certificação juramentada de que todos os registros do governo já haviam sido devolvidos.

O ex-presidente pode enfrentar acusações de obstrução durante a batalha prolongada para recuperar os documentos. E, diferente de Biden, Trump não teria proteção contra possíveis processos, já que não ocupa mais o cargo de presidente dos Estados Unidos.

Trump chamou a busca em Mar-a-Lago de “incursão não anunciada” que “não era necessária ou apropriada” e representava “tempos sombrios para nossa nação”. Na segunda-feira 16, ele publicou nas redes sociais: “Quando o FBI vai invadir as muitas casas de Joe Biden, talvez até a Casa Branca?”

Trump e seus apoiadores republicanos classificaram a busca em Mar-a-Lago como um ataque partidário dos democratas, que há muito desejavam removê-lo da política.

Durante o lançamento de sua campanha de 2024 em novembro, no mesmo clube que os agentes haviam revistado meses antes, Trump fez referência às investigações contra ele, e disse ser “uma vítima” de promotores rebeldes e da “infecção, podridão e corrupção de Washington”.

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