O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, partirá para o Oriente Médio nesta segunda-feira, 21, sinal de que Washington aumenta a pressão pela retomada das negociações por um cessar-fogo entre Israel e Hamas para encerrar a guerra em Gaza. A viagem ocorre poucos dias após a morte do líder do grupo terrorista palestino, Yahya Sinwar, momento que analistas veem como janela de oportunidade para a aprovação de uma trégua.
A 11ª visita do chefe da diplomacia americana à região desde o início do conflito, em 7 outubro do ano passado, porém, acontece ao passo que Israel intensifica sua campanha militar tanto em Gaza e quanto no Líbano, onde seu alvo é a milícia xiita libanesa Hezbollah (aliada do Irã).
Plano para o pós-guerra
De acordo com o Departamento de Estado, Blinken discutirá com líderes do Oriente Médio a importância de encerrar a guerra em Gaza, possibilidades de cenários para o enclave palestino depois do fim do conflito, bem como como possíveis soluções diplomáticas para o conflito entre Israel e o Hezbollah. O governo americano, por enquanto, só comunicou que a turnê terá início em Israel, sem detalhar as próximas paradas.
“Por toda a região, o secretário Blinken discutirá a importância de pôr fim à guerra em Gaza, garantir a libertação de todos os reféns e aliviar o sofrimento do povo palestino”, disse o Departamento de Estado em comunicado. “Ele continuará as discussões sobre o planejamento do período pós-conflito (em Gaza) e enfatizará a necessidade de traçar um novo caminho que permita aos palestinos reconstruírem suas vidas”, acrescentou o texto.
O diplomata também ressaltará que alimentos, remédios e outras ajudas humanitárias adicionais devem ser entregues a civis em Gaza, segundo o Departamento de Estado.
Janela de oportunidade
O assassinato de Sinwar na última quinta-feira 17, durante um ataque aéreo à Faixa de Gaza, pode abrir caminho para que um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns israelenses finalmente saia do papel. Ele era considerado um dos principais bloqueadores das tratativas e tinha pouco incentivo pessoal para negociar, visto que era o alvo número 1 de Israel.
Sua relutância em aprovar uma trégua permanente, segundo analistas, estava enraizada em um objetivo estratégico de transformar o conflito em uma guerra ampla e longa contra Tel Aviv, cercando o inimigo de várias frentes. É possível que os líderes restantes do Hamas no exterior, por exemplo (muitos deles mantém residência no Catar), estejam mais abertos à pressão dos países árabes para aceitar um acordo.
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Além disso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, bem como sua coalizão ultrarreligiosa de extrema direita também têm criado impasses nas negociações, priorizando derrotar o Hamas ao invés da libertação dos reféns israelenses. Agora, com o grupo palestino danificado até o topo, o momento oferece mais espaço, politicamente, para que o governo israelense mude um pouco o foco.
Nada é garantido, contudo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sua vice (e aspirante à Casa Branca), Kamala Harris, e vários outros líderes do mundo ocidental disseram que a morte Sinwar, o grande arquiteto dos ataques terroristas de 7 de outubro contra Israel, era uma janela de oportunidade para pôr fim à guerra após 1 ano de combates. Mas Netanyahu já disse que o conflito não acabou.
O líder israelense, segundo analistas, pode preferir esperar o fim do mandato de Biden, que termina em janeiro, e se arriscar com o próximo presidente – seja Harris ou seu rival republicano, Donald Trump, com quem Netanyahu tem laços estreitos.