Bolsonaro sobre Eduardo: ‘telefonema simples’ para Trump basta
Na Argentina, presidente afirmou ainda que antigos embaixadores do Brasil nos Estados Unidos não fizeram 'nada de bom'
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 17, que os Estados Unidos já foram informados sobre a indicação de seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao cargo de embaixador em Washington. O líder brasileiro disse ainda que “um telefonema simples” para o presidente americano Donald Trump bastaria para convencer o republicano sobre a nomeação.
“Acho que já foi feito o comunicado aos EUA. Um simples telefonema meu para o Trump, que já me franqueou a palavra… Nem precisa falar isso para ele. Eu tenho certeza que ele dará o sinal positivo”, disse ele, lembrando ainda que a aprovação do nome do filho depende do Senado.
A jornalistas em Santa Fé, Argentina, onde participa de uma reunião de cúpula do Mercosul, o presidente criticou a atuação das embaixadas brasileiras nos Estados Unidos nos últimos anos. “Se pegar de 2013 para cá, o que os embaixadores fizeram de bom pra nós? Nada”, disse.
No período citado por Bolsonaro, a embaixada brasileira em Washington foi comandada por ao menos três diplomatas que se tornaram ministros das Relações Exteriores: Antonio Patriota, Mauro Vieira e Luis Alberto Figueiredo, nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sergio Amaral, que deixou o posto neste ano, foi porta-voz e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo de Fernando Henrique Cardoso.
O posto de embaixador nos Estados Unidos é o mais importante da diplomacia brasileira no exterior. Há mais de cinquenta anos, porém, as designações têm recaído em diplomatas no topo da carreira com experiência comprovada em negociações políticas e econômicas. Sete deles foram ministros de Estado antes ou depois da passagem por Washington. O último não diplomata a assumir o posto foi o ex-governador da Bahia Juracy Magalhães, entre 1966 e 1967.
Nesta quarta, Bolsonaro sinalizou que a nomeação de um filho de presidente para o cargo de embaixador poderia acelerar o acesso ao presidente do país em questão. “Imagina se o filho do Macri quisesse ser embaixador no Brasil. Ligando pra mim, quando ele seria atendido? Amanhã, semana que vem ou imediatamente? Essa é a intenção”, disse.
Ele voltou a elogiar Eduardo. Segundo o presidente, após a eleição em que “teve uma enxurrada de votos”, o filho “ganhou notoriedade, rodou o mundo e tem amizade com a família Trump”. Além disso, afirmou que o filho só fritou hambúrguer nos Estados Unidos para bancar sua estadia no país e frisou que Eduardo está com “inglês muito bom”.
Antes de iniciar a coletiva, Bolsonaro brincou com os jornalistas apontando o filho mais novo, Jair Renan, que o acompanhou na viagem à Argentina. “Já conhecem o novo embaixador?”, disse, rindo. “Ele está aprendendo”, completou.
A oposição ao governo de Bolsonaro no Senado conta os votos para barrar a indicação do filho mais novo do presidente. Nos cálculos do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na casa, seu grupo tem, hoje, os 41 votos suficientes para impedir a nomeação.
(Com Estadão Conteúdo)