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Boris Johnson, já enfraquecido, fica sob pressão após derrotas eleitorais

Partido Conservador perdeu mais duas cadeiras no Parlamento depois que a população votou em membros do Partido Trabalhista, da oposição

Por Amanda Péchy
24 jun 2022, 09h51

O Partido Conservador, do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, perdeu duas cadeiras no Parlamento nesta sexta-feira, 24. O golpe levou à renúncia do presidente da legenda governista e intensificou as dúvidas sobre o futuro de Johnson.

Após as derrotas, o premiê fez um discurso combativo, prometendo ouvir as preocupações dos eleitores e fazer mais para enfrentar a crise inflacionária no Reino Unido. As perdas – uma em um reduto conservador do sul (Tiverton e Honiton), a outra em uma sede industrial do norte da Inglaterra que foi conquistada pelo Partido Trabalhista na última eleição (Wakefield) – sugerem que o apelo de Johnson, responsável pela vitória retumbante das eleições gerais de 2019, pode estar secando.

Se parlamentares sentirem que Johnson tornou-se um fardo eleitoral, podem rebelar-se contra ele. O premiê luta para manter-se estável em meio ao escândalo do “Partygate”, sobre festas na sede do governo durante o lockdown na pandemia, e em um momento em que os britânicos estão lutando para viver com o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis.

Até agora, Johnson resistiu à pressão para renunciar depois que foi multado por violar as regras da Covid-19. Neste mês, ele sobreviveu a um voto de desconfiança de parlamentares conservadores, embora 41% de seus colegas parlamentares tenham votado para derrubá-lo. Além disso, ele é investigado por um comitê por ter mentido ao parlamento.

+ De cabelo em pé: Johnson fica ainda mais fraco após moção de desconfiança

Depois do Partido Conservador perder as duas cadeiras, o presidente da legenda, Oliver Dowden, renunciou, sugerindo que Johnson deveria assumir a responsabilidade pelas derrotas.

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“Não podemos continuar com os negócios como de costume”, disse ele. “Alguém deve assumir a responsabilidade e concluí que, nessas circunstâncias, não seria certo que eu permanecesse no cargo”, acrescentou Dowden, um aliado de longa data de Johnson.

Johnson respondeu dizendo que entendia a decepção de Dowden, mas “este governo foi eleito com um mandato histórico há pouco mais de dois anos” e que continuaria trabalhando para esse fim. O ministro das Finanças, Rishi Sunak, disse que “todos assumimos a responsabilidade” pelas derrotas.

Vários parlamentares conservadores se manifestaram em apoio a Dowden, dizendo que ele não era o culpado pelos resultados. As mensagens sugeriam o ressurgimento de uma dissidência contra a liderança de Johnson.

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Embora Johnson não possa enfrentar outra moção de desconfiança por um ano, parlamentares podem tentar mudar as regras para provocar uma segunda votação. Mesmo assim, isso pode levar tempo e implicaria mudanças no comitê que representa os conservadores que não têm cargos no governo.

Uma onda de renúncias do gabinete também pode ser outro caminho para forçar Johnson a sair antes da próxima eleição, prevista para 2024. (As eleições secundárias foram desencadeadas pelas renúncias de parlamentares conservadores – um que admitiu assistir pornografia no parlamento e outro considerado culpado de agredir sexualmente um adolescente.)

Johnson deu aos conservadores sua maioria mais ampla no Parlamento em três décadas, vencendo em 2019 em áreas tradicionalmente trabalhistas, da oposição, no norte e centro da Inglaterra. Mas as perdas recentes podem indicar que sua capacidade de repetir a façanha foi comprometida.

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