Boris Johnson sai na frente em prévia da eleição para premiê britânico
Em primeira sessão de escolha, o ex-prefeito de Londres angariou 114 votos, 71 a mais que o segundo colocado; 7 candidatos continuam na disputa
O ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, confirmou nesta quinta-feira, 13, seu favoritismo para substituir Theresa May na liderança do Partido Conservador britânico e, consequentemente, no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido.
Em uma primeira votação secreta no Parlamento, três dos dez aspirantes ao cargo já foram eliminados. Os 313 deputados conservadores votaram na primeira de uma série de rodadas destinadas a reduzir a disputa interna a apenas dois candidatos.
Os três concorrentes descartados nesta quinta receberam menos do que os 17 votos necessários para prosseguir na disputa. São eles: a ex-ministra de Relações com o Parlamento Andrea Leadsom, a ex-ministra do Trabalho e Previdência Esther McVey e o ex-diretor de disciplina parlamentar dos conservadores Mark Harper.
A votação serviu, sobretudo, para confirmar o amplo favoritismo de Johnson, especulado desde a renúncia de May no último dia 24. Ele foi apoiado por 114 dos deputados, muito à frente do segundo colocado, o chanceler Jeremy Hunt, com 43.
“Obviamente estamos felizes com o resultado, mas ainda resta um longo caminho a percorrer para vencer a disputa”, declarou à imprensa um porta-voz de Johnson, que não esconde há vários anos o desejo de assumir o maior posto do governo.
Impasses
Depois de reconhecer sua incapacidade para concretizar o Brexit, diante de três rejeições do Parlamento ao acordo de separação que negociou durante dois anos com a União Europeia, May renunciou à liderança do Partido Conservador britânico.
Ela permanecerá como primeira-ministra apenas até que o partido designe um sucessor, um processo que deve terminar na semana do dia 22 de julho.
Dos três candidatos eliminados, McVey e Leadsom eram as defensoras mais fervorosas de um Brexit sem acordo em 31 de outubro, uma possibilidade temida que também é cogitada por outros aspirantes, como Johnson.
A segunda rodada da votação para premiê será organizada na próxima semana, com o aumento do número de apoios necessários para um candidato, até que restem apenas dois nomes. Essas dupla de indicados será então submetida à votação dos 160.000 membros do partido nas primeiras semanas de julho.
Boris Johnson, de 54 anos, ex-ministro das Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres, conhecido por suas declarações incendiárias, era apontado desde a renúncia de May como o favorito. Por este motivo, suas palavras são examinadas com cuidado.
No lançamento oficial de sua campanha na quarta-feira 12, ele pareceu suavizar o tom habitualmente agressivo a respeito da União Europeia.
Johnson ressaltou sua intenção de tirar o país do bloco em 31 de outubro, sem solicitar novos adiamentos, mas afirmou que a possibilidade de concretizar a medida sem um acordo é apenas um “último recurso” caso não consiga renegociar os termos do divórcio.
Sem renegociação
A União Europeia já deixou claro que não pretende reabrir as discussões. Na terça-feira 11 o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reiterou que não irá renegociar o acordo fechado com May com o próximo premiê britânico.
“Este não é um tratado entre Theresa May e Juncker. Este é um tratado entre o Reino Unido e a União Europeia, que deve ser respeitado por quem quer que seja o próximo primeiro-ministro britânico”, afirmou o chefe da Comissão.
Juncker manifestou, no entanto, a disposição do bloco econômico de prestar “esclarecimentos, precisões e acréscimos” à Declaração Política, um texto que acompanha o acordo de separação e base para as negociações sobre as futuras relações entre as duas partes.
O Reino Unido deveria ter deixado a União Europeia em 29 de março, conforme acordado pelos britânicos em um referendo em junho de 2016, mas a saída foi adiada pela falta de acordo em Westminster.
(com AFP)