O conservador Boris Johnson foi oficialmente designado primeiro-ministro do Reino Unido nesta quarta-feira, 24, em um encontro com a rainha Elizabeth II. Em seu primeiro discurso oficial como premiê, após a reunião, Johnson reafirmou suas intenções de deixar a União Europeia (UE) em 31 de outubro: “Não existe ‘se’, não existe ‘mas'”, disse.
“Sim, haverá dificuldades”, afirmou. “Mas se há algo que realmente prejudicou a confiança dos mercados não foram as decisões que tomamos, mas nossa recusa em tomar decisões.”
“Depois de três anos de indecisão em que o país foi prisioneiro dos antigos argumentos de 2016, estou aqui, na frente de vocês para dizer que os críticos estão errados.”
O novo premiê ainda afirmou que tentará negociar um novo acordo com a UE para evitar deixar o bloco sem um consenso formal, mas disse que pretende preparar o Reino Unido para um Brexit sem acordo.
“Nós neste governo vamos trabalhar para dar a este país a liderança que merece — e o trabalho começa agora”, completou, ao final de seu pronunciamento.
Johnson participou de uma audiência privada com a monarca no Palácio de Buckingham. Conforme manda a tradição, Elizabeth entregou o cargo de premiê ao indicado do Partido Conservador, em um ato simbólico.
O novo primeiro-ministro foi escolhido por sua legenda em uma votação interna. Johnson é um grande defensor da saída do Reino Unido da UE e já disse em diversas ocasiões que concretizará o Brexit na data limite, mesmo sem um acordo formal com o bloco europeu.
Antes de sua reunião com Jonhson, a rainha recebeu Theresa May em Buckingham. A agora ex-governante comunicou oficialmente sua renúncia à monarca e indicou seu sucessor.
Em seu último discurso oficial, May demonstrou seu apoio a Boris Johnson e desejou a ele “boa sorte nos próximos anos”. “Seus sucessos serão os sucessos de nosso país e espero que sejam muitos”, disse.
Protestos
Próximo ao palácio, um protesto da organização Greenpeace tentou bloquear o caminho da caravana de Johnson. Os manifestantes, vestidos de vermelho, formaram uma barreira no meio da rua, mas foram retirados do local antes da passagem do comboio.
Em uma nota, o Greenpeace afirmou que a organização quer que o novo premiê “se familiarize com a emergência climática” e aprove um orçamento exclusivo para lidar com a questão. Os manifestantes ainda tentaram entregar uma carta a Johnson com considerações sobre o tema.
O novo premiê
Boris é ex-prefeito de Londres e serviu como secretário de Relações Exteriores do Reino Unido entre 2016 e 2018, mas renunciou em julho passado como forma de protesto ao acordo proposto por Theresa May com a UE para o Brexit.
A saída do bloco deve ser o maior desafio de Johnson como primeiro-ministro. O impasse travado pela agora ex-primeira-ministra para chegar a um acordo com a UE levou ao anúncio sobre sua renúncia e ainda deve persistir durante o mandato do ex-prefeito.
O conservador é categórico ao afirmar que, caso o Reino Unido não consiga chegar a um consenso com os europeus até 31 de outubro, o país deixará a União Europeia na marra, mesmo sem acordo. Analistas já afirmaram, contudo, que um divórcio brusco causará traumas econômicos e uma situação de caos para os britânicos.
Os parlamentares do Partido Trabalhista insistem na convocação de um novo referendo sobre o tema.
Em suas primeiras palavras após ser anunciado vencedor, na terça-feira 23, Johnson voltou a insistir no tema. Prometeu concluir o Brexit até a data-limite e disse que vai unir o país, derrotar os rivais trabalhistas e energizar a população.
Nesta quarta, Johson também citou temas domésticos em seu discurso de posse. Ele afirmou que aumentará investimentos em educação, em segurança e segurança social.