Brasil condena ataque em Rafah e diz que Israel viola direitos humanos
Em nota, Itamaraty afirma que tragédia, com pelo menos 45 mortos, 'demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense' no local
O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota, na noite desta segunda-feira, 27, condenando o ataque israelense a um campo de refugiados palestinos em Rafah, na Faixa de Gaza, que deixou ao menos 45 mortos.
Segundo o Itamaraty, “essa nova tragédia demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense em Rafah”. O texto afirma que o governo brasileiro condena “a contínua ação das forças armadas israelenses” em áreas civis e afirma que isso “constitui sistemática violação aos Direitos Humanos e ao Direito Humanitário Internacional”.
A nota diz que o governo “deplora também a retomada, pelo Hamas, de lançamentos de foguetes de Gaza contra o território israelense, ocorrida no final de semana” e pede à comunidade internacional “máxima pressão diplomática a fim de alcançar o imediato cessar-fogo”.
Leia a declaração na íntegra:
“O governo brasileiro tomou conhecimento, com profunda consternação e perplexidade, das notícias sobre ataques conduzidos por Israel, um dos quais contra campo de refugiados nas imediações da cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza. O ataque ao campo causou a morte de dezenas de civis, além de inúmeros outros feridos, em decorrência de incêndio que se alastrou pelas tendas que abrigavam famílias de refugiados.
Essa nova tragédia demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense em Rafah, conforme manifestações e apelos unânimes da comunidade internacional, e diante dos deslocamentos forçados por Israel, que concentraram centenas de milhares de refugiados, em condições de absoluta precariedade, naquela localidade.
O governo brasileiro condena a contínua ação das forças armadas israelenses contra áreas de concentração da população civil de Gaza, visto que constitui sistemática violação aos Direitos Humanos e ao Direito Humanitário Internacional, assim como flagrante desrespeito às medidas provisórias reafirmadas, há poucos dias, pela Corte Internacional de Justiça.
O governo brasileiro deplora também a retomada, pelo Hamas, de lançamentos de foguetes de Gaza contra o território israelense, ocorrida no final de semana.
Ao expressar sua solidariedade ao povo palestino, sobretudo aos familiares das vítimas de Rafah, o Brasil reafirma a condenação a toda e qualquer ação militar contra alvos civis.
O governo brasileiro exorta a comunidade internacional a que exerça máxima pressão diplomática a fim de alcançar o imediato cessar-fogo, a libertação dos reféns e o urgente provimento da assistência humanitária adequada à população de Gaza.”
Ataque em Rafah
Pelo menos oito mísseis atingiram o acampamento no bairro de Tel Al-Sultan, localizado no oeste de Rafah, no domingo, 26. As explosões provocaram um grande incêndio nas tendas que serviam como abrigo para centenas de palestinos, que precisaram se deslocar do leste da cidade depois de uma ordem de retirada das forças israelenses e do início de uma ofensiva terrestre no local, há mais de duas semanas.
O ataque foi alvo de críticas da comunidade internacional. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, pediram que Israel respeite a decisão da CIJ e encerre a ofensiva em Rafah. “O direito humanitário internacional aplica-se a todos, também à condução da guerra por Israel”, disse Baerbock.
‘Acidente trágico’
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira, 27, que o ataque foi um “acidente trágico”. Entre os mortos, segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), estavam dois altos funcionários do grupo terrorista palestino Hamas, Yassin Rabia e Khaled Nagar.