O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou nesta quinta-feira, 3, a decisão de Israel de declarar o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata — título também atribuído pelo governo israelense ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fevereiro deste ano. Segundo o Itamaraty, o “ataque” de Israel à ONU “não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica”.
“Tal ato prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns e de um processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, disse o MRE em comunicado.
Além disso, texto relembrou que ONU “foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da II Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana” e reafirmou a “importância das Nações Unidas, notadamente de sua Assembleia Geral e de seu Conselho de Segurança, nos esforços pelo cessar-fogo e por uma solução de dois Estados”.
+ A decisão de Israel sobre o chefe da ONU após ataque do Irã ao país
Guterres na mira
Israel declarou Guterres persona non grata na quarta-feira, 2, proibindo-o de entrar no país. A decisão foi anunciada pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, como uma forma de protesto contra a ONU por não ter condenado “inequivocamente” o ataque do Irã com mais de 180 projéteis contra Israel, nesta terça-feira.
Katz descreveu Guterres como “um secretário-geral que dá apoio a terroristas, estupradores e assassinos do Hamas, Hezbollah, Houthis e agora do Irã – a nave-mãe do terror global”. Na véspera à ação israelense, o chefe das Nações Unidas emitiu uma declaração em que condenava “o agravamento do conflito no Oriente Médio, escalada após escalada”, mas não fez qualquer referência direta ao ataque do Irã.
Declarar alguém como persona non grata no campo da diplomacia indica que essa pessoa não é bem-vinda em determinado país, embora não seja necessariamente proibida de entrar no território. Mas, no caso António Guterres, o chanceler israelense baniu formalmente sua entrada em Israel, alegando que ele “não merece pisar em solo israelense.”