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Brasil enviará ajuda humanitária a Pacaraima, com destino à Venezuela

Em Caracas, ministro da Defesa venezuelano põe militares em alerta para a 'invasão' do país por carregamentos de comida e remédios

Por Da Redação
Atualizado em 19 fev 2019, 19h46 - Publicado em 19 fev 2019, 19h30
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  • O Palácio do Planalto informou nesta terça-feira, 19, que o governo vai deslocar carregamento com ajuda humanitária para Pacaraima (RR), de onde deverá ser conduzida em caminhões por cidadãos venezuelanos ao país vizinho. O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que os produtos desse lote serão brasileiros e não confirmou se os Estados Unidos poderão fazer seus envios à Venezuela por meio de Roraima.

    O anúncio do governo brasileiro deu-se quase simultaneamente à declaração da Força Armada Nacional Bolivariana de que estará “alerta” para evitar a violação do território venezuelano, com o ingresso de ajuda humanitária. Os chefes militares rejeitaram os apelos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que aceitassem a anistia oferecida pelo líder da oposição, Juan Guaidó, e abandonassem o presidente Nicolás Maduro.

    Acompanhado pelo alto comando das Forças Armadas, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, reiterou sua “lealdade” e “obediência” a Maduro.

    Reconhecido por 50 países como presidente interino da Venezuela, Guaidó enviou mensagens no Twitter para cada chefe militar estacionado nos postos fronteiriços: “Em 23 de fevereiro, você deve escolher entre servir Maduro ou servir o país. Permita que a ajuda humanitária entre”, escreveu.

    O ministro da Defesa assegurou que os militares venezuelanos não permitirão ser “chantageados” e descreveu como “uma série de mentiras e manipulações” os apelos de Trump e Guaidó pelo ingresso da “suposta ajuda humanitária”, Para Padrino, tratam-se da indução de confronto entre a Força Armada e os venezuelanos.

    “A Força Armada permanecerá destacada e alerta ao longo das fronteiras, conforme ordenado por nosso comandante em chefe (Maduro), para evitar qualquer violação da integridade de seu território”, disse.

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    Carregamentos de remédios e alimentos transportados em aeronaves militares dos Estados Unidos estão armazenados na cidade colombiana de Cúcuta, perto da ponte fronteiriça de Tienditas. O acesso á Venezuela está bloqueado por militares, caminhões e contêineres.

    O centro de Paracaima será o segundo ponto de acesso de ajuda humanitária à Venezuela. O terceiro, em Curaçao, receberá ajuda vinda de Miami.

    Por cima desses cadáveres

    Os venezuelanos sofrem com a falta de alimentos e remédios, além do desemprego e da hiperinflação estimada em 10.000.000% para este ano. Mais de 3 milhões de cidadãos emigraram desde 2015, segundo as Nações Unidas.

    Maduro, porém, anunciou que enviará caixas de comida para Cúcuta e dará assistência médica gratuita aos colombianos. Conforme informou, 300 toneladas de remédios comprados da Rússia chegarão a seu país na quarta-feira, 20. A China, Rússia e Cuba venderam 933 toneladas de alimentos e remédios à Venezuela. A carga ingressou no país na semana passada.

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    O líder venezuelano culpa as sanções financeiras impostas por Washington pela crise econômica, rotula a ajuda enviada pelos Estados Unidos como “migalhas” de “comida estragada” e argumenta que o ingresso dos alimentos e remédios servirá como pretexto para a invasão militar do país. Trump não descartou ainda  uma ação militar na Venezuela. Na segunda-feira 18 ameaçou os militares leais a Maduro que eles “vão perder tudo”.

    “Eles não serão capazes de atravessar o espírito patriótico da Força Armada pela força para impor um governo fantoche, entreguista, anti-patriótico. Não vão conseguir isso. Vão ter que passar por esses cadáveres”, respondeu o general Padrino.

    Guaidó convocou mobilizações em todo o país para acompanhar os voluntários que vão em comboios de ônibus para as fronteiras em busca de assistência. Ele espera que o número desses brigadistas aumente de 700.000 para um milhão.

    Tentando enfraquecer o apoio a Maduro, Guaidó pediu aos seus apoiadores que escrevam para cada soldado, “com argumentos, sem violência, sem insultos”, para explicar-lhes as “razões para que fiquem ao lado dos milhões que pedem ajuda humanitária”.

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    Na quarta-feira, 20, os chefes das Forças Militares da Colômbia, Luis Navarro, e do Comando Sul americano, Craig Faller, se reunirão em Miami para discutir sobre a ajuda humanitária que os Estados Unidos enviam pela fronteira colombiana.

    Ajuda europeia

    Guaidó se reuniu nesta terça-feira com os embaixadores da França, do Reino Unido, da Itália, da Espanha e da Alemanha e com representantes de organizações não governamentais. Os diplomatas europeus anunciaram ajuda de mais de 18 milhões de euros, além do embarque de 70 toneladas de remédios e alimentos da França.

    O presidente interino da Venezuela fixou o sábado, 23, como o dia da entrada da ajuda humanitária no país.  Um dia antes será celebrado um show com artistas internacionais em Cúcuta, que terá a participação dos presidentes Iván Duque (Colômbia) e Sebastián Piñera (Chile). Será lançada a campanha de arrecadação de 100 milhões de dólares em 60 dias, que serão somados a mais de 110 milhões reunidos em semanas anteriores.

    Em contrapartida, o governo de Maduro anunciou shows nos dias 22 e 23 de fevereiro na ponte Simón Bolívar, que liga Cúcuta ao povoado venezuelano de San Antonio, para denunciar “a brutal agressão” contra a Venezuela.

    (Com EFE)

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