Brasil resgata 20 cidadãos no Sudão em meio a crise humanitária
Nações ocidentais retiraram centenas de diplomatas e cidadãos do país enquanto a violência devasta Cartum
Segundo países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Itália, o Brasil resgatou cerca de 20 cidadãos que estavam no Sudão neste domingo 23, informou o embaixador brasileiro na Itália, Hélio Vitor Ramos, durante um evento em Pistoia nesta segunda-feira, 24.
“Estamos preocupados pelo que está acontecendo no Sudão. Tínhamos ali 20 dos nossos cidadãos que encontramos e levamos para fora do país, e agora estão em Djibouti. De lá, partirão em breve para voltar ao Brasil. Esse é um grande problema porque é uma guerra e, mesmo não sendo tão próxima, cria preocupação geral”, afirmou Ramos.
+ ONU reforça pedido de cessar-fogo em meio a escalada de conflito no Sudão
A rota Sudão-Djibouti, país que fica no Chifre da África, também está sendo usada por países como a Itália para retirar seus civis e diplomatas do território sudanês.
O número de mortos durante os combates no Sudão já passou de 420, incluindo 264 civis, e mais de 3.700 ficaram feridos, de acordo com ONGs locais e internacionais. Porém, analistas acreditam que o total real de mortos e feridos em mais de nove dias de combates é muito maior.
+ Estrangeiros começam a ser evacuados do Sudão
Autoridades dos Estados Unidos alertaram nesta segunda-feira sobre a escassez de remédios vitais, alimentos e água no Sudão e enviaram especialistas em resposta à violência registrada na região.
No domingo, o Reino Unido resgatou com sucesso sua equipe diplomática e familiares que estavam na capital sudanesa de Cartum, em uma operação complexa. Alemanha e França disseram que retiraram mais de 100 pessoas cada do Sudão. Itália, Espanha e Canadá também estão trazendo seus cidadãos para fora do país.
Um avião militar holandês levou pessoas resgatadas para a Jordânia na manhã desta segunda-feira, 24, Os Estados Unidos já buscaram diplomatas, funcionários da embaixada e suas famílias na noite de sábado 22.
+ Estados Unidos evacuam funcionários da embaixada no Sudão
Combates entre militares sudaneses e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) eclodiram no último fim de semana, em uma luta pelo governo do país. A luta coloca o líder militar Abdel Fattah al-Burhan contra o chefe da FAR, o general Mohamed Hamdan Dagalo, e começou após desacordos sobre um plano para integrar os paramilitares às forças armadas regulares.
Burhan lidera um conselho governante instalado no golpe militar de 2021, que ocorreu depois que o autocrata Omar al-Bashir foi deposto, em 2019. Dagalo – mais conhecido como Hemedti – era seu vice no conselho governante.
O conflito corre o risco de atrair atores da vizinhança do Sudão, que apoiam diferentes facções, e aumentar a competição entre a Rússia e os Estados Unidos pela influência regional.
O Brasil reforçou o pedido de cessar-fogo em três dias das Nações Unidas, coincidindo com as celebrações do Eid-al-Fitr, um dos mais importantes feriados religiosos para os muçulmanos. Nesse período, civis poderiam buscar tratamento médico, alimentos e outros suprimentos essenciais.
Nas ruas de Cartum, a população sudanesa se revoltou com as autoridades internacionais, que segundo eles, parecem se importar apenas com os “seus cidadãos”.
“Eles retiraram seu povo… Os americanos não se importam com o Sudão… Não devemos nos concentrar nisso, devemos pensar em maneiras de parar a guerra”, disse Madji Ebaid, empresário local, ao jornal britânico The Guardian.