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Brasileira no Peru relata desorganização e má comunicação para repatriação

Brasileiros ficaram presos no país sul-americano após governo local decretar isolamento total; grupo de 140 turistas ainda aguarda resgate em Cusco

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 mar 2020, 15h44 - Publicado em 21 mar 2020, 15h43

Um grupo de brasileiros que ainda está retido em Cusco, nos Andes peruanos, reclama da falta de organização do governo do Brasil para retirá-los da cidade e organizar os voos de volta. “Estamos desesperados”, afirma a paulista Gabriela Valentino Teixeira, de 34 anos.

Dois voos de repatriação de brasileiros que estavam em Lima foram organizados pelo Ministério de Relações Exteriores e pousaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, nesta sexta-feira 20. Um avião com 182 passageiros também decolou de Cusco neste sábado, 21, com Lima como destino, e um voo da capital para o Brasil está previsto para mais tarde.

Entretanto, um grupo de por volta de 140 brasileiros ainda está retido em Cusco, aguardando mais respostas do governo sobre sua situação. O governo do Peru conta com o Exército para bloquear as principais vias do país e com a polícia para restringir o movimento dentro das cidades para cumprir a regra de isolamento social, que estarão em vigor pelos próximos 15 dias pelo menos, por conta da pandemia de coronavírus.

Foi autorizada na terça-feira 17 a retirada de estrangeiros ilhados, mas eles só poderão sair do país por meio da repatriação. Entre os brasileiros que aguardam o resgate está Gabriela, que está na cidade desde o dia 12 e tinha um voo marcada para sexta, que foi cancelado.

A paulistana afirma que estava em uma primeira lista divulgada nas redes sociais pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de passageiros que iriam embarcar no voo para Lima neste sábado. Posteriormente, Antônio apagou a postagem e uma nova relação de nomes foi divulgada, com alterações.

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“Os nomes nas listas não batiam, pessoas que receberam e-mail dizendo que iriam embarcar hoje não foram autorizadas a subir no avião”, conta Gabriela. “É uma grande desorganização e falta de respeito. Como podem resgatar alguns e deixar outros sem nenhum critério?”.

A paulistana relata que está em tratamento de depressão e que seu medicamento está em falta. “Além de mim, que estou nesta situação, tem também idosos, crianças e pessoas com diabetes aqui esperando por uma resposta”, diz.

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A brasileira Gabriela Valentino está presa em Cusco desde 12 de março (Arquivo pessoal/Reprodução)
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Com a mudança dos nomes nas listras e instruções pouco claras, um enorme grupo de brasileiros se acumulou em frente ao aeroporto de Cusco neste sábado. “Ficou uma aglomeração, justamente o que não deveria acontecer neste momento”, diz Gabriela.

A VEJA, o Itamaraty afirmou que os voos que saem de Cusco têm decolado com menos passageiros do que os aviões comportam por conta da altitude da cidade e das difíceis condições de voo. O órgão informou que um diplomata e um militar brasileiros foram enviados a Cusco para organizar a situação dos brasileiros que ainda se encontram ali.

O Ministério das Relações Exteriores disse ainda que as listas de passageiros têm sido organizadas de acordo com as passagens aéreas já compradas pelos turistas, e que as companhias aéreas apenas estão reagendando os voos desmarcados.

Ainda neste sábado, um ônibus do Exército peruano com brasileiros que também estavam em Cusco saiu da cidade em direção a Lima. A previsão é que os turistas possam retornar o Brasil ainda hoje, no voo com destino a Guarulhos.

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