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Brasileira passa por terapia após trauma em massacre na Flórida

Mariana Sippl, de 14 anos, estava no mesmo andar onde o atirador abriu fogo contra estudantes e professores. 'Vi muitos colegas mortos no chão', relata

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 fev 2018, 21h23 - Publicado em 15 fev 2018, 21h06

A brasileira Mariana Sippl, de 14 anos, passou por uma sessão de terapia nesta quinta-feira oferecida pela sua escola após vivenciar experiências traumáticas durante o ataque a tiros que matou 17 pessoas na Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, na Flórida.

A menina estava no terceiro andar do prédio, o mesmo que o atirador, Nikolas Cruz, de 19 anos, invadiu e atirou contra muitos alunos e professores. Mariana conta que quando ouviu os primeiros disparos, pensou se tratar apenas de uma brincadeira, porém logo escutou gritos de socorro.

Cruz soou o alarme de incêndio para fazer com que os estudantes deixassem suas salas. A adolescente foi uma das que fugiu para o corredor, mas logo percebeu o que estava acontecendo e se escondeu com outros alunos em uma sala de aula.

‘Ele começou a gritar e pedir para abrir a porta’

“Começamos a correr e muita gente caía no chão e era pisada. Tive que puxar uma amiga minha, porque todo mundo estava pisando nela”, conta Mariana, natural de São Paulo e que mora nos Estados Unidos há 3 anos. “Os barulhos dos tiros eram muito altos.”

A adolescente relata que o atirador tentou invadir uma sala em frente à que estava escondida. “Ele começou a gritar e pedir para abrir a porta”, diz. “Baleou a porta até abrir e atirou contra alunos e um professor que estava na sala.”

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Após a prisão do atirador, Mariana teve de esperar mais de uma hora dentro da sala de aula. Quando a polícia liberou a saída dos alunos, pôde ver muitos corpos e sangue no chão. “Ele atirou bem no meio do peito do meu professor”, conta. “Vi muitos colegas mortos no chão. Peguei uma amiga no colo, mas ela já estava morta.”

A brasileira teve um ataque de pânico ao sair da escola e não encontrar seus pais. Nesta quinta, Mariana passou por uma sessão de terapia, oferecida pela escola aos alunos. “Acho que vai demorar umas duas semanas para voltarem as aulas. Eu morro de medo de voltar”, diz.

Mariana e outros alunos da Stoneman Douglas participam na tarde desta quinta de uma homenagem às vítimas do ataque em um parque próximo à escola. O colégio de Ensino Médio, localizado em Parkland, cidade a 80 quilômetros de Miami, recebe muitos alunos brasileiros todos os anos.

‘Meu professor preferido foi morto’

Assim como Mariana, o gaúcho Matheus Kunzler Maldaner, de 16 anos, também estava no local no momento do tiroteio. O adolescente assistia a uma aula no prédio ao lado de onde tudo aconteceu.

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“Participamos de um exercício de incêndio às 10h30 da manhã, mas por volta das 14h o alarme tocou de novo e saímos da sala mais uma vez”, diz. “No meio do caminho, seguranças da escola pediram para nos escondermos em salas e auditórios e nos deitarmos no chão.”

O brasileiro Matheus Kunzler Maldaner (Reprodução/Facebook)

Matheus conta que enquanto estava escondido com outros colegas, ouviu os barulhos dos tiros e das sirenes de carros policiais. Soube o que estava acontecendo pelo celular, em sites de notícias. “Eu tive sorte de não estar no prédio do tiroteio”, diz. “Se fosse terça ou quinta eu estaria tendo aula na sala onde meu professor preferido foi morto.”

Ele só pôde sair da escola mais de duas horas após o ataque. Matheus relata que teve sua mochila revistada e deixou o local com as mãos sobre a cabeça.

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O brasileiro também recebeu oferta de assistência da escola e, assim como a família de Mariana, recebeu ligações do FBI em busca de mais detalhes sobre o caso.

O tiroteio

Este se tornou um dos dez tiroteios em massa mais mortíferos da história moderna dos Estados Unidos. O atirador era ex-aluno da Marjory Stoneman Douglas High School, mas foi expulso por razões disciplinares não especificadas.

Após o massacre, fugiu em meios aos estudantes assustados, mas foi capturado e levado sob custódia. Junto a ele foi aprendida uma metralhadora AR-15 com diversos cartuchos de munição. A arma é uma versão civil do rifle militar M-16, que pode ser obtida legalmente em diversos estados americanos.

Este é 13º tiroteio em massa de 2018 nos Estados Unidos, oito deles ocorreram em escolas do país. Segundo o Consulado-Geral do Brasil em Miami, nenhum brasileiro está entre as vítimas da tragédia desta quarta-feira.

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