Tais Antezana Pacheco, que há três anos vive na Cidade do México, contou que perto de onde mora, no bairro Del Valle, uma escola desabou e as crianças tiveram de ser resgatadas. A gerente administrativa paulistana de 30 anos estava sozinha em seu apartamento quando aconteceu o terremoto. “Não soou nenhum alarme, mas começou a tremer tudo. Moro no 12º andar, eu peguei meu laptop e sai correndo pelas escadas de emergência. Enquanto eu descia, caíam pedaços da parede no caminho. Depois que sai, comecei a chorar de desespero. Muitos vizinhos também estavam chorando. Imediatamente depois do terremoto eu ouvi sirenes de ambulância. As pessoas estão se mobilizando pra ajudar com os escombros”, diz.
O México ainda se recuperava de outro forte sismo, com magnitude de 8,2, que no começo do mês deixou 98 mortos. Apesar de um pouco menor na escala Richter, o terremoto desta terça teve um efeito muito mais devastador. Além de seu epicentro ser mais próximo da populosa Cidade do México, com seus quase nove milhões de habitantes, ele foi registrado a 57 quilômetros de profundidade, relativamente próximo à superfície.
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O estudante de relações internacionais Luiz Moura, que está no México em razão de um intercâmbio acadêmico, passou pelos dois tremores. O primeiro que afetou de forma menos intensa a capital mexicana, ele conta que nem sentiu. “Mas este foi muito forte e surpreendeu a todos nós. Estávamos tendo aula quando de repente nossa sala, cuja estrutura é em grande parte de vidro, começou a tremer. Saímos correndo e só me lembro de ter chegado à parte de baixo. Eu vi o chão se mexer. Foi tão forte que a água foi jogada para fora da piscina do colégio”, diz Moura, que tem 28 anos, é de Belo Horizonte e mora na Alemanha. “A cidade virou um caos e quase todos os estabelecimentos foram fechados. Ainda estamos um pouco assustados. Ficamos sem luz por muito tempo e sem internet também. Eu voltei para a casa, mas deixei a porta aberta”.
“Logo depois do tremor, a polícia começou a retirar as pessoas dos prédios e um helicóptero foi orientando todos a saírem”, conta Luiz Ballas, de 22 anos, chegou à cidade do México na quinta-feira passada. O publicitário paulistano estava na Praça da Constituição, o Zócalo, uma das principais áreas turísticas da cidade, rodeada por prédios históricos. “Eu estava produzindo um material para o meu trabalho quando começou a tremer. O tremor durou uns dez segundos, que pareciam uma eternidade, uma sensação horrível de não controlar nada, nunca tinha passada por um terremoto. Parou de tremer e minhas pernas continuaram tremendo. As pessoas ficaram muito assustadas, todo mundo começou a correr, uma gritaria, os alarmes instalados nas ruas começaram a tocar para que todos abandonassem os prédios. As pessoas acabam se empurrando e muita gente caiu no chão.”, diz. “Todo mundo queria voltar para casa, tinha um monte de carros querendo passar e o metrô parou. Três horas depois ainda foi bem difícil, andei cinco quilômetros para voltar para o hostel. O local é bem reformado, mas é bem antigo, achei melhor não ficar lá. Arrumei uma mala rápida, com coisas básicas, e fiquei esperando”, diz Luiz, que só voltou para o albergue depois que a inspeção atestou o local estava seguro.
A tragédia de hoje teve também um peso simbólico: nesta mesma data, 32 anos atrás, o México sofria o mais destrutivo tremor que já atingiu a região e que deixou cerca de 10.000 pessoas mortas. Duas horas antes de o chão sacudir nesta terça, a população havia saído às ruas em uma grande simulação para lembrar o terremoto de 1985. Nas últimas três décadas, o país se acostumou a fazer treinamentos regulares e criou normas específicas de segurança para novas construções.
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A professora de capoeira e pedagoga Ana Ligia Gomes da Franca, de 36 anos, estava dando aula em uma escola do ensino fundamental e contou que a reação dos alunos foi bastante rápida. “Consegui levar as crianças rapidamente ao ponto de reunião, que é o lugar mais seguro da escola. As crianças são treinadas por meio de simulações e sabem como agir nestas situações”, diz a cearense, que mora em Toluca, nos arredores da Cidade do México há oito anos. Seu filho de seis anos, por sorte estava na aula com ela no momento do tremor. “Depois foi uma loucura, muitas ligações e os pais chegando buscando seus filhos. O problema é que as crianças que não viam logo seus pais entravam em pânico pensando que tinha acontecido algo com eles. Já senti vários terremotos, mas nunca tão forte como o de hoje”.
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